Os dois principais candidatos a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, aproveitaram as respetivas mensagens de Natal para pedir aos portugueses para refletirem sobre o futuro. E os dois acham que são esse futuro. O líder do PSD destaca que o país vive uma indefinição e crise política por culpa do PS e que esta é a “oportunidade” para mudar de Governo e de vida. Já o líder do PS garante que o seu partido é o único capaz de garantir a “estabilidade”.

Pedro Nuno Santos, ao contrário dos outros líderes partidários, optou por colocar a mensagem de boas festas por escrito. O secretário-geral do PS disse que é “tempo de reafirmar a certeza” de que só o PS consegue garantir, simultaneamente, “a estabilidade, defender as instituições democráticas, desenvolver e reformar o Estado Social e acelerar a transformação da nossa economia.”

O secretário-geral do PS diz que esta altura, de fim de ano, serve para refletir sobre o “futuro individual, familiar e da comunidade.” O secretário-geral socialista acrescenta também que “é tempo de renovar a esperança no futuro e ousar uma vida melhor, de maior justiça e respeito social”.

O socialista, que optou por não gravar um vídeo, mas apenas escrever uma mensagem foi repetindo que quer construir um “Portugal Inteiro”, slogan da sua candidatura. Mostrou ainda confiança na vitória eleitoral: “Juntos venceremos as eleições legislativas de 10 de março de 2024!”

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Já Luís Montenegro optou por gravar-se com um fundo natalício enquanto apelava aos portugueses a fazer uma “avaliação” para o futuro. E também pediu que as reuniões familiar deste Natal sirvam para fazer uma “avaliação dos projetos e desafios do país”, assegurando que “esta crise política é uma oportunidade”. “Uma oportunidade de mudarmos de Governo, uma oportunidade de mudarmos de vida, uma oportunidade de resolvermos os problemas que efetivamente sentimos em cada dia”, afirmou o líder do PSD.

Garante que os social-democratas não se conformam com um país “onde os mais jovens emigram em busca de uma oportunidade”, onde “a classe média vive fustigada, asfixiada por uma elevadíssima carga fiscal” ou onde “os pensionistas a cada ano vão perdendo poder de compra e ficam cada vez mais isolados”.

“Este Natal é também uma oportunidade de nós olharmos para Portugal e vislumbrarmos um futuro, uma esperança, uma ambição nova”, defendeu. O líder do PSD considera ser possível ter um país a crescer mais do ponto de vista económico, “gerir melhor os principais sistemas na saúde, na educação, na habitação”, sem deixar de lados as preocupações éticas.

“É possível termos uma sociedade mais justa, mais transparente, onde as questões éticas estejam na primeira linha do comportamento dos agentes políticos e dos agentes públicos”, afirmou. Montenegro recordou ainda que, em 2024, se vão celebrar os 50 anos do 25 de Abril, considerando que essa será também uma oportunidade de “evocar a liberdade e os princípios” da democracia portuguesa.

“É nesse quadro de esperança, de ambição e de sentido de responsabilidade que eu hoje vos desejo festas felizes, um Natal que seja também uma oportunidade de, em família, poderem tirar as vossas conclusões sobre o nosso caminho até aqui e aquele que temos que iniciar no próximo ano”, apelou, desejando que se possa construir “um país mais próspero e mais justo”.

Mariana Mortágua pôs de lado a crise política para pedir paz no Médio Oriente

A coordenadora do Bloco de Esquerda escolheu olhar para fora na sua mensagem de Natal e lançou “um grito contra a guerra” no Médio Oriente e pediu “paz contra o sofrimento ilimitado”, comprometendo-se a lutar pelo reconhecimento do Estado palestiniano junto do próximo Governo. Mariana Mortágua deixou de fora a crise política nacional e as eleições antecipadas e focou-se no conflito.

“A mensagem de Natal que vos deixo é por isso um grito contra a guerra, pelo cessar-fogo humanitário imediato que António Guterres tem exigido todos os dias, um apelo à solidariedade, o compromisso do Bloco pelo reconhecimento do Estado palestiniano no próximo Governo”, refere no vídeo. A palavra da líder do BE é de “paz contra o sofrimento ilimitado”, afirmando que “este ano não haverá celebrações de Natal na cidade de Belém”.

“Em vez do festejo há uma cidade de luto, tristeza e dor, sob o fantasma da fome. Na cidade onde a tradição cristã acredita ter nascido Jesus, o pior Natal de todos os tempos será vivido em silêncio por tantas crianças que são diariamente retiradas dos escombros de Gaza”, lamenta.

Recordando que “na Palestina 20 mil pessoas já foram mortas”, Mariana Mortágua lembra ainda que os hospitais foram destruídos e não há medicamentos, nem água, nem alimentação, sendo Gaza “dois milhões e meio de pessoas aprisionadas entre muros”.

“Sem o apoio da maior potência mundial, alguém acredita que isto seria possível? A guerra no Médio Oriente, que se soma à guerra que já tínhamos na Ucrânia depois da invasão russa, é baseada numa mentira: a de que há uma solução militar para o conflito na Palestina”, critica. Segundo a coordenadora do BE, aquilo que está a acontecer “é um genocídio que banaliza o mal”, estando a ser incumpridas as decisões das Nações Unidas.

Ventura diz que crise política deve servir para “ganhar clareza das escolhas” para 2024

O presidente do Chega afirma que a crise política deve ser um momento para “ganhar clareza das escolhas” que têm que ser tomadas em 2024, identificando como problemas a “pobreza, corrupção e desconfiança nas instituições”.

“Esta altura e este momento de turbulência política devem ser também momentos para ganharmos a clareza das escolhas que temos que fazer ao longo do próximo ano”, considerou o líder do Chega, numa mensagem de Natal em vídeo divulgada pelo partido. Ventura defendeu que o país vive “uma crise não só de pobreza como de desilusão, de desconfiança com as instituições e de corrupção”.

“O primeiro objetivo de um político que quer dar uma solução ao país é dizer que vai lutar para resolver estes problemas, com firmeza, sem interesses instalados, sem estar agarrado a nenhum interesse, com o único objetivo de defender a vida, defender a família, defender a propriedade, defender a prosperidade dos portugueses”, considerou.

Para o presidente do Chega, “os portugueses vão para este Natal com uma enorme ansiedade em relação ao futuro e com uma enorme estupefação e perplexidade sobre o que podem ser os acontecimentos de 2024”, antecipando um “ano difícil”. Contudo, Ventura apelou a um “espírito de confiança e firmeza” e acredita que em 2024 “Portugal vai ficar muito melhor”.

“O país está numa fase difícil, mas o Natal é esse espírito de confiança, de firmeza e de muita força que é o que temos que ter juntos para enfrentar os desafios de Portugal em 2024”, considerou.

Nuno Melo aproveita mensagem de Natal para apelar ao voto num “governo de centro-direita”

Nuno Melo acredita que “2024 poderá ser um ano de todos nós”,  sublinhando que o futuro do país “depende de cada um”, das suas escolhas e do seu voto. Destacou que, em 2023, a maior parte das famílias está a viver a quadra natalícia “num contexto de muitas dificuldades” e aponta para os mais de “quatro milhões de pessoas estão no limiar da pobreza”.

“Foi o Governo, o PS, que trouxe o colapso ao SNS, o caos à educação, fracassou em políticas essenciais da habitação aos transportes, impôs valores recordes de carga fiscal sobre as famílias e sobre as empresas”, acusou ainda.

Termina o vídeo, partilhado no X, a garantir que “a partir de 10 de março teremos um Governo de centro-direita para o qual o CDS somará, que trará esperança, crescimento e prosperidade a Portugal e aos portugueses, eu acredito profundamente nisso”.