O grupo Manuel Champalimaud, principal acionista privado dos CTT, garante ao Observador que “em momento algum fomos informados” da compra de ações pela Parpública da empresa de Correios.

Através de fonte oficial do grupo, o segundo maior acionista dos CTT, com uma posição de 13,73%, garante que não foi informado da intenção do Governo de o Estado entrar no capital da empresa. “Não, em momento algum fomos informados”, garante em resposta escrita a perguntas do Observador.

Manuel Champalimaud, principal rosto do acionista privado dos CTT, falou do tema em entrevista ao Expresso em 2019, numa altura em que já se falava da possibilidade de o Estado voltar ao capital da empresa. “Fala-se em nacionalização. Eu francamente digo que se o Estado quiser entrar no capital dos CTT, por mim é bem-vindo”, declarou, então, acrescentando que “por princípio o Estado não deve estar nos negócios, mas para acabar com esta agitação e desconforto social se calhar era uma maneira de todos saírem a ganhar e de trazer tranquilidade ao tema”.

Ainda declarava que “o Estado podia ser um acionista como qualquer outro. Sendo acionista e estando no conselho perceberia as dificuldades de gerir uma operação como esta e teria de ter uma atitude consentânea”, acrescentando que “a vantagem de ter o Estado no capital seria a transparência e a criação de condições económicas para a subsistência da operação”.

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No entanto, as declarações de Manuel Champalimaud referiam-se a intervenções públicas sobre a possibilidade de o Estado reentrar no capital dos CTT. Acabou por acontecer em 2021, segundo se soube só agora, passados dois anos. Em 2021, o Governo deu instruções à Parpública para comprar ações dos CTT até uma participação de 1,95%, ainda que tenha pedido autorização à UTAM para ir até aos 13%. A Parpública acabou por comprar uma posição de 0,24%.

Governo de Costa queria mais, Parpública comprou 0,24% dos CTT. Uma operação só conhecida passados dois anos

Questionado agora pelo Observador sobre se haveria algum acordo para que a administração dos CTT passasse a incluir um elemento do Estado, o grupo Manuel Champalimaud garante também que “não temos conhecimento de nenhum acordo.”

Os novos órgãos sociais dos CTT, eleitos na assembleia-geral de 2023, foram eleitos sob proposta dos três maiores acionistas da empresa: Manuel Champalimaud em conjunto com a Global Portfolio (a maior acionista com 14,9%) e com a Greenwoord Builders (a terceira maior acionista com apenas 6,79%).