Chris Christie, político norte-americano e antigo governador de Nova Jérsia, anunciou a saída das primárias do Partido Republicano e suspendeu a sua campanha presidencial. A decisão torna-o no mais recente adversário interno de Donald Trump a admitir a derrota num cenário eleitoral que, com grande probabilidade, deverá confirmar o ex-Presidente como o nomeado republicano para as Presidenciais de 2024.

A desistência de Christie a apenas cinco dias do arranque oficial das primárias marca a saída daquele que até aqui tem sido o maior crítico de Trump na corrida — facto que, quase de imediato, o alienou da esmagadora maioria da base do partido, “nas mãos” do magnata nova-iorquino.

Foi o próprio quem, num evento de campanha no estado do New Hampshire, confirmou a decisão. “É claro para mim esta noite que não há um caminho que me permita ganhar a nomeação”, disse, citado pelo New York Times, acrescentando que, pese embora o parco apoio que vinha tendo, saía de cabeça erguida. “Prefiro perder a dizer a verdade do que mentir para chegar à vitória”.

Desde que anunciou a sua candidatura, em junho de 2023, sob o slogan “Porque a Verdade Importa”, o antigo governador montou uma campanha na base da oposição a Trump, atacando frontalmente o antigo Presidente e apontando o dedo aos seus adversários nas primárias — Nikky Haley, Ron DeSantis e Vivek Ramaswamy, que têm evitado criticar diretamente ao ex-Presidente — por não fazerem o mesmo.

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Christie foi, de resto, o único candidato de algum perfil a dizer publicamente que Trump não tinha condições para voltar à Casa Branca após as eleições de 2020. “Esta é uma luta pela alma do nosso partido e pela alma do nosso país”, disse esta quarta-feira.

Foi uma estratégia que condenou Christie à partida. Ao longo dos meses, não conseguiu reunir apoios signifcativos e alienou a esmagadora maioria do partido. No dia em que anunciou a desistência, as últimas sondagens davam-lhe menos de 4% das intenções de voto.

Christie, que chegou a concorrer contra Trump em 2016, tornou-se após a vitória deste último num dos seus principais apoiantes e homens de confiança, responsável por chefiar a equipa de transição entre as administrações Obama e Trump. No entanto, no seguimento das últimas presidenciais, em que Trump recusou admitir a derrota e incentivou os seus apoiantes a contestar os resultados (culminando no ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021), Christie afastou-se do ex-Presidente e denunciou publicamente a sua conduta.

Agora, no momento da saída, incentivou os restantes candidatos à nomeação a fazer o mesmo. “Para todos aqueles que estão nesta corrida, que puseram as suas ambições pessoais à frente daquilo que é correto: vão ter, em última análise, de responder às mesmas questões que eu respondi depois da minha decisão em 2016. (…) Essas questões, não só não desaparecem, como são muito teimosas. Tendem a ficar”, disse.