A BMW delineou uma estratégia para a mobilidade eléctrica que passou pela maximização dos lucros e minimização dos riscos, optando por manter em produção os modelos com motores térmicos e conceber, em simultâneo, veículos eléctricos, os quais recorrem às plataformas que a marca já possui e usa nos modelos com motor de combustão, mas adaptadas para acomodar baterias.

A estratégia do construtor bávaro, similar à adoptada pela Mercedes e pela Stellantis, visou evitar grandes investimentos, pois adoptar plataformas específicas para eléctricos obriga à reformulação do aparelho produtivo, o que implica um considerável esforço financeiro. A adaptação de fábricas antigas implica custos que podem atingir entre 2 e 4 mil milhões de euros por instalação. Em contrapartida, começam a sair da linha de montagem modelos mais aptos a tirar partido da tecnologia eléctrica, da maior eficiência energética à maior habitabilidade (mais espaço interior com um menor comprimento total, uma vez que a frente passa a poder ser mais curta, dado não existir a necessidade de alojar um motor V6 ou V8 lá à frente).

BMW acaba com produção de motores a combustão na Alemanha

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A BMW confia no futuro após a introdução dos novos veículos eléctricos

Depois de conceber os actuais modelos eléctricos com aquilo que a indústria apelida de plataformas multienergia, pois tanto servem modelos a gasolina como eléctricos a bateria, a BMW anunciou agora que vai fazer mudanças na sua principal fábrica, a localizada em Munique, onde tudo começou e onde está localizada a sede desta marca germânica. Fruto de um investimento que o construtor estima em 650 milhões de euros, o que indicia deixar de fora a montagem de uma linha de produção para células de bateria, a BMW pretende realizar a mudança em 2027 da fábrica de bandeira, que se tornou centenária em 2023, preparando-a para produzir exclusivamente veículos eléctricos.

A decisão está associada à introdução da Neue Klasse nesse período, aquela que se espera ser a primeira plataforma específica para veículos eléctricos da BMW. De recordar que os modelos eléctricos representam, para o construtor alemão, 15% do total dos modelos vendidos, uma vez que a procura por esta solução tecnológica aumentou 74,4% em 2023. Mas o fabricante disse esperar que os 100% eléctricos representem 30% das vendas em 2026, antes pois do arranque das linhas de produção da remodelada fábrica de Munique.

É sabido que o Grupo BMW recorre à fabricação na China para conseguir construir veículos eléctricos mais baratos que depois exporta para a Europa, como é o caso do SUV eléctrico BMW iX3, mas igualmente do novo Mini Cooper SE a bateria, não sendo impossível que surjam mais modelos deste grupo germânico fabricados na China e daí exportados para a Europa e outros mercados, usufruindo dos baixos custos de mão-de-obra local. De Munique, a partir de 2027, irão sair um SUV com as dimensões de um X3 e o novo Série 3 eléctricos, ambos concebidos sobre a plataforma Neue Klasse, o que deverá coincidir com o fim da produção dos actuais iX3 e i4, este último actualmente produzido na fábrica alemã que vai ser remodelada.