Muito pode mudar na derradeira metade do campeonato, mas, terminada que está a primeira volta, é difícil dizer que se a maratona terminasse agora e, portanto, o Sporting ficasse com a liderança, os leões não seriam justos vencedores. É também claro que a equipa verde e branca é muito possivelmente quem mais dedo de treinador demonstra nesta fase. Rúben Amorim assumiu que alterou a forma de estar em comparação com anos anteriores para se ajustar a um jogador (de seu nome Viktor Gyokeres, o avançado que veio mostrar que os suecos não são bons apenas no Festival da Eurovisão). É, nesse sentido, uma equipa egocêntrica, que usa as suas armas, porque quem tem cão não precisa de caçar com gato.

Uma das situações na qual o Sporting mais tem evoluído esta temporada é na organização defensiva em bloco médio/baixo que dá um falso conforto aos adversários para que depois os leões possam atacar com mais verticalidade (uma forma de ver o jogo com um toque italiano). “Jogamos de forma diferente e antigamente tínhamos de levar a bola mais para a frente, agora temos um avançado que se calhar nos leva lá para a frente e nós metemos a equipa toda subida. Jogamos com blocos mais baixos e por isso é que aumentámos a posse de bola”, comentou Rúben Amorim.

Ficha de Jogo

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Chaves-Sporting, 0-3

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Chaves: Hugo Souza, João Correia (Carraça, 75′), Vasco Fernandes, Steven Vitória (João Pedro, 65′), Bruno Rodrigues, Sandro Cruz, Kelechi (Raphael Guzzo, 54′), Hélder Morim (Jô Batista, 54′), Rúben Ribeiro, Leandro Sanca (Abass Issah , 65′) e Héctor Hernández

Suplentes não utilizados: Rodrigo Moura, Cafú Phete, Benny, Paulo Victor,

Treinador: Moreno Teixeira

Sporting: Adán, Ricardo Esgaio (Dário Essugo, 85′), Eduardo Quaresma (Sebastián Coates, 54′), Gonçalo Inácio, Matheus Reis (Luís Neto, 85′), Nuno Santos, Hjulmand, Pedro Gonçalves (Daniel Bragança, 79′), Francisco Trincão, Paulinho e Viktor Gyokeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diogo Pinto, Marcus Edwards, Rafael Pontelo e Afonso Moreira

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Paulinho (44′), Trincão (52′) e Pedro Gonçalves (56′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Correia (63′), Coates (71′) e Gyokeres (90+1′)

Esse não era, sabia-se à partida, um cenário que o Sporting fosse encontrar na visita ao Chaves, último classificado da Primeira Liga. Os leões, em busca de defenderem o primeiro lugar, seriam certamente forçados a assumir as rédeas do encontro, tal como se veio a verificar. Sem Diomande, Geny Catamo, Morita (nas seleções) e Fresneda (lesionado), com Marcus Edwards condicionado, a boa notícia para Amorim era a disponibilidade de Coates. O uruguaio, que já tinha somado minutos contra o Tondela (4-0) para a Taça de Portugal, após recuperar de lesão, podia ser uma ajuda importante para contrariar aquele que o técnico do emblema de Alvalade apontava como o ponto forte do adversário. Porém, Eduardo Quaresma acabou por ser a escolha inicial.

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“Podem apostar muito nos cruzamentos”, lembrou Amorim, destacando a capacidade goleadora de Héctor Hernández, avançado dos transmontanos. “Vai ser sempre [um jogo] muito difícil. Como temos sofrido golos, diria que estou bastante preocupado”. Nos últimos cinco jogos para o campeonato, o Sporting sofreu cinco golos e só manteve a baliza a zero no clássico contra o FC Porto. Não deixa de ser significativo que o único reforço de inverno apresentado até agora tenha sido o defesa Rafael Pontelo que se estreou contra o Tondela. No entanto, pode estar a caminho de Alvalade também Koba Koindredi, que atualmente representa o Estoril. Amorim recusou-se a comentar eventuais reforços antes da visita a Chaves.

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Inicialmente, o Sporting não se deu bem com os ares de Trás-os-Montes. A água acumulada no relvado travou a normal circulação da bola, situação que atrapalhou o fluxo do jogo. João Correia, defesa do Chaves, foi atraiçoado por essa situação. Quando procurava atrasar para o guarda-redes, o passe parou a meio da trajetória. Valeu à equipa de Moreno que a água que condicionou João Correia também prejudicou a finalização de Pedro Gonçalves. Defendeu Hugo Souza.

Esse foi o pináculo do desperdício do Sporting que, mesmo sendo claramente dominador, estava com dificuldades para conseguir marcar. O próprio Pedro Gonçalves, assim como Gyokeres e Esgaio, já tinham falhado lances de perigo. Em cima do intervalo, Paulinho (44′) corrigiu os erros dos colegas e marcou um golo muito pouco bonito, em plena pequena área, condizente com o jogo no geral.

No reinício, Rúben Amorim repôs a normalidade e Coates entrou para o lugar de Eduardo Quaresma. Galvanizado pelo golo que conseguiu mesmo no final da primeira parte, o Sporting arrancou o segundo tempo a todo o vapor. Dois golos logo após o reatar do encontro praticamente selaram a vitória. Trincão correspondeu com um remate exímio ao cruzamento de Nuno Santos pela esquerda. Seguiu-se a redenção de Pedro Gonçalves (56′) que fez um mea culpa pelo que desperdiçou no primeiro tempo. A partir daí, Rúben Amorim geriu o plantel como entendeu. Com mais três pontos (0-3), o Sporting termina a primeira volta com 43 pontos. Os leões deixam os rivais a precisarem de responder no que falta jogar da jornada se não quiserem que a equipa verde e branca se distancie ainda mais na liderança.