Ficou conhecido como “o homem que viu os raios”. Em 1968, nos Jogos Olímpicos do México, Bob Beamon só precisou da primeira tentativa para saltar 8,90 metros e estabelecer um recorde mundial do salto em comprimento que durou mais de duas décadas e quebrou o registo anterior em 55 centímetros. É considerado um dos maiores feitos da história do desporto — e a medalha de ouro, agora, pode pertencer a qualquer um.

O atleta norte-americano decidiu leiloar a medalha de ouro conquistada no México, a única da carreira, e vai mesmo desfazer-se o objeto que assinala o momento em que se tornou um nome incontornável do atletismo. “Aproveitei-a durante 55 anos, e ainda a aproveito, mas acho que é algo que o mundo merece ver e que outra pessoa pode aproveitar. Já tenho 77 anos. As memórias e o amor que estão associados à medalha são maravilhosos. Ainda assim, acho que partilhá-la seria uma experiência ótima para mim”, explicou Bob Beamon à Sports Illustrated.

A medalha estará incluída num leilão marcado para o dia 1 de fevereiro, na próxima semana, e tem uma licitação mínima de 400 mil dólares. Contudo, os especialistas da Christie’s garantem que pode chegar aos 600 mil dólares e integraram o objeto num lote que também conta com artefactos de Elvis Presley, Luís XIV de França, a imperatriz Josefina, Janis Joplin e os The Beatles.

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Bob Beamon não é o primeiro — e provavelmente não será o último — medalhado olímpico a leiloar a respetiva medalha. Em 2013, uma das medalhas conquistadas por Jesse Owens em Berlim, nos Jogos de 1936, foi leiloada por 1,2 milhões de dólares; em 2019, a prata que Lutz Long alcançou no salto em comprimento também em 1936 chegou aos 500 mil euros; e uma de ouro dos Jogos Olímpicos de Atenas de 1896, os primeiros da Idade Moderna, custou 180.111. Mais recentemente, também o antigo nadador Steve Genter anunciou que vai leiloar as medalhas de ouro, prata e bronze que ganhou nos Jogos de Munique, em 1972.

O valor do sacrifício: Steve Genter está a leiloar as três medalhas olímpicas que conquistou enquanto sofria com um colapso pulmonar

O registo histórico de Bob Beamon durou 23 anos e só foi superado por Mike Powell, que em 1991 saltou 8,95 metros nos Mundiais de Tóquio. Ainda assim, o salto do norte-americano continua a ser o recorde olímpico vigente e a segunda melhor marca de sempre — para além de ter o condão especial de Bob Beamon não ter voltado aos Jogos Olímpicos.

Pouco depois de brilhar no México, foi escolhido pelos Phoenix Suns no draft na NBA, ainda que nunca tenha chegado a disputar qualquer jogo na liga de basquetebol dos Estados Unidos. Licenciou-se em Sociologia, foi treinador de salto em comprimento e chegou a ter as próprias obras de arte em exposição. Mais recentemente, recuperou a paixão pela música que sempre o acompanhou e estreou-se como percussionista em conjunto com a banda Stix Bones and The BONE Squad numa sala de Nova Iorque.