Centenas de agricultores polacos bloquearam esta quarta-feira mais de 160 estradas em todo o país para denunciar as importações “descontroladas” de produtos agroalimentares ucranianos e apelar a uma revisão da Política Agrícola Comum (PAC).

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, prometeu que o seu governo pró-europeu, que chegou ao poder na Polónia após as eleições parlamentares de outubro, tentará encontrar soluções através de negociações bilaterais com Kiev.

“Há mais de 160 bloqueios de estradas e vias públicas em toda a Polónia”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Adrian Wawrzyniak, porta-voz do sindicato Solidariedade dos Agricultores Individuais (Solidarnosc RI), que coordenou os protestos, que decorreram entre as 12h00 e as 14h00 locais (11h00/13h00 em Lisboa).

“Opomo-nos às importações descontroladas de produtos agroalimentares da Ucrânia e pedimos uma revisão da Política Agrícola Comum“, disse Wawrzyniak.

Cerca de 100 tratores convergiram hoje para Ryki, no sudeste da Polónia, antes de se dirigirem lentamente para a cidade de Deblin, a uma dúzia de quilómetros de distância, causando grandes engarrafamentos, segundo reporta a AFP.

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“Um agricultor não é um trabalhador agrícola” e “A agricultura está a morrer lentamente”, foram algumas das frases de protesto exibidas em cartazes pelos agricultores.

Após visitar Kiev, na segunda-feira, e na sequência de uma reunião do Conselho de Ministros, já esta quarta-feira, o chefe do Governo polaco declarou que quer “proteger a agricultura polaca da concorrência desleal do Leste”.

“Vamos tentar incluir melhores disposições num acordo bilateral, segundo o qual […] só será possível vender produtos ucranianos na Polónia com o consentimento das instituições polacas”, disse Tusk, para quem a questão “não demorará muito a resolver-se”.

O primeiro-ministro polaco, sem adiantar pormenores, acrescentou que irá encontrar uma solução “que poderá não suscitar entusiasmo em Bruxelas”, mas que “não violará claramente a legislação europeia e que será provavelmente difícil, mas aceitável, para os ucranianos”.

“Vamos fazê-lo independentemente dos protestos dos agricultores”, sublinhou.

Por seu lado, o ministro da Agricultura polaco, Czeslaw Siekierski, que participou esta quarta-feira numa reunião em Bruxelas, admitiu, num comunicado, as “grandes perturbações no mercado polaco” e deixou críticas aos 27.

“A abertura excessiva da União Europeia e o afluxo de mercadorias de fora do espaço comunitário, incluindo a Ucrânia, causaram grandes perturbações no mercado polaco. A falta de rentabilidade da produção agrícola é visível na maioria dos Estados-Membros da UE”, frisou.