O Ministério do Ensino Superior justificou esta quarta-feira que decidiu alterar o conceito de agregado familiar na atribuição de bolsas para ir de encontro à auditoria realizada pelo Tribunal de Contas Europeu.

A Associação Académica de Coimbra (AAC) alertou esta quarta-feira para as consequências de uma alteração ao regulamento de atribuição de bolsas de estudo que veio pôr em causa o apoio a alunos carenciados que ficassem alojados em casa de familiares.

Questionado pela Lusa, o gabinete de imprensa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) confirmou essa mudança.

“A alteração foi introduzida no seguimento das preocupações apresentadas pelo Tribunal de Contas Europeu em auditoria sobre esta matéria e procurou reforçar a equidade e consistência nos mecanismos de atribuição de bolsa”, afirmou a tutela.

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A associação de estudantes explicou que a mudança fez com que passe a ser contabilizado no cálculo de atribuição da bolsa os rendimentos da família com quem o aluno vive enquanto está a estudar, ou seja, se estiver a viver em casa dos tios ou dos avós, serão esses os rendimentos que contam.

Foi o caso de um aluno do 1.º ano, que tinha apoio social escolar no liceu, e agora perdeu a bolsa por estar a viver com os avós e uma tia, segundo relato da Associação Académica de Coimbra.

Alunos carenciados perdem bolsa por viverem com familiares

Nas contas da atribuição do apoio financeiro, os serviços contabilizaram os salários da tia e da avó, assim como a pensão do avô, tendo concluído que o rendimento deste agregado familiar estava acima do limite máximo definido (11.049 euros).

No entanto, a Associação Académica de Coimbra sublinha que o aluno vive num anexo da casa do avô mas não recebe qualquer apoio financeiro.

Os pais continuam a ser quem lhe paga as contas e, por isso, a associação de estudantes entende que deve ser o rendimento desse agregado familiar que deve ser tido em conta para perceber se o aluno é elegível para receber apoio.

A Lusa questionou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sobre se conhece outros casos semelhantes, mas não obteve qualquer resposta, assim como não foi respondido se tenciona alterar o artigo que a associação de estudantes entende ser “uma restrição ao acesso às Bolsas da Direção-Geral do Ensino Superior”.