A vice-presidente da Câmara do Funchal, Cristina Pedra, manifestou esta quinta-feira confiança no presidente do executivo municipal, Pedro Calado, que foi detido na quarta-feira no âmbito de um processo de investigação que envolve suspeitas de corrupção.

Madeira. Miguel Albuquerque constituído arguido, presidente da Câmara do Funchal e dois empresários detidos

Questionada pelos jornalistas no final da reunião semanal do executivo municipal se mantém a confiança no presidente do município, a autarca respondeu: “completamente”.

“Ao dia de hoje, o que nós sabemos, e aqui é um compromisso que todo o executivo faz, em meu nome, é que a Câmara está em regular e normal funcionamento. Não há nenhuma agenda cancelada, não há nenhum evento adiado, nós estamos a fazer a nossa atividade normal, como é o exemplo da reunião desta manhã que decorreu normalmente”, afirmou.

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A também responsável pelo pelouro das Finanças na Câmara do Funchal (PSD/CDS-PP) considerou que os funchalenses podem confiar na autarquia mesmo sob as suspeitas de corrupção.

“Completamente. A Câmara não é envolvida, houve buscas, deixemos a justiça fazer o seu trabalho. É um processo de inquérito, não há acusações. Estamos, todo o executivo, ao lado do senhor presidente. A nossa melhor forma de contribuir é fazer a nossa atividade normal e é isso que os próprios munícipes esperam de nós”, reforçou.

Antes das declarações de Cristina Pedra, o líder da oposição no município, o socialista Miguel Silva Gouveia, considerou prematuro pedir a demissão de Pedro Calado (PSD), argumentando que “todos têm o direito à presunção da inocência”.

Já o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, assim como os deputados socialistas na Assembleia Municipal do Funchal, defenderam que o presidente da Câmara do Funchal não tem condições para continuar no cargo.

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária realizou, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores).

A residência do presidente do Governo da Madeira e a Quinta Vigia (residência oficial) também foram alvo de buscas, tendo Miguel Albuquerque sido constituído arguido.

O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), foi detido, assim como o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e Custódio Correia, CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil SOCICORREIA, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas.

“As diligências executadas visaram a recolha de elementos probatórios complementares, a fim de consolidar as investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência”, lê-se numa nota divulgada pela PJ.