É mais um capítulo na luta de José Sócrates durante a Operação Marquês. A defesa do ex-primeiro-ministro revelou que vai pedir a redistribuição do processo, alegando desta vez irregularidades na apreciação do recurso do Ministério Público pelas juízas do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL).

De acordo com a CNN Portugal, que teve acesso à reclamação apresentada, Sócrates alega que duas das magistradas já não pertenciam ao TRL desde o dia 1 setembro de 2023. As magistradas foram transferidas para as relações de Guimarães e do Porto e por isso, segundo a defesa de Sócrates, não podiam assinar a decisão conhecida na passada quinta-feira, que pronunciou o antigo governante a julgamento por 22 crimes, entre os quais os de corrupção que haviam caído na decisão instrutória de Ivo Rosa, em abril de 2021.

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Em outubro de 2023, o regime de exclusividade para a apreciação do processo foi prolongado, atendendo justamente à transferência das magistradas Raquel Correia Lima (relatora) para a Relação do Porto e da sua colega Madalena Caldeira para a Relação de Guimarães. No entanto, ficou decidido que estas só assumiriam as novas funções uma vez que o recurso da Operação Marquês estivesse concluído. Algo que “não deviam ter autorizado”, disse esta quarta-feira à CNN Portugal o advogado de Sócrates Pedro Delille.

A nova intenção da defesa é a de pedir a redistribuição imediata do processo, um pedido que será analisado ao nível do TRL. “Há uma norma que diz que se o relator deixar de pertencer ao tribunal em que está, o processo é imediatamente remetido a segunda distribuição”, alegou o advogado.

Esta não é a primeira vez que Sócrates tem na mira as magistradas da Relação, uma vez que já em 2023 tinha pedido o afastamento do coletivo de juízas, alegando na altura “irregularidades” no sorteio de atribuição do processo. O pedido foi rejeitado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que descreveu o requerimento como “infundado” e uma tentativa de “protelar o regular andamento do processo”.

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