Não existe uma “bolha” nos preços das casas em Portugal, considera a agência de notação financeira DBRS Morningstar, que discorda da análise feita pela Comissão Europeia de que há uma “forte sobrevalorização” no imobiliário. Com os preços das casas a caírem em parte da Europa, a tendência em Portugal continua a ser de subida, mesmo que a um ritmo um pouco mais lento, o que para a DBRS significa apenas que o mercado “está a atingir o teto”.

“Tendo em conta os fatores fundamentais sólidos no mercado de imobiliário residencial, bem como a taxa de desemprego relativamente baixa e o maior interesse no país por parte de estrangeiros, não consideramos que haja uma bolha neste mercado”, escreve a DBRS numa nota difundida esta segunda-feira pelos clientes. Nesta análise, que tenta avaliar o nível de risco de investir em instrumentos financeiros que têm como garantia subjacente o imobiliário português, a DBRS reconhece que “é um pouco surpreendente” que os preços das casas em Portugal continuam a subir, sobretudo tendo em conta que existe uma maior prevalência de créditos com taxa variável, mais expostos à forte subida dos juros do BCE.

Além desse efeito das taxas de juro, que se poderia prever que tivesse um impacto negativo maior do que está a ter no preço das casas, a DBRS também destaca que o Governo “tem lançado pacotes de medidas que tentam controlar os preços das casas, que se tornaram cada vez mais inacessíveis para o cidadão comum”. Apesar destes dois fatores – as taxas de juro e as medidas do Governo – os preços das casas terão aumentado, em média, 7,6% no ano passado, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Juros elevados e custo de vida a aumentar? Preço das casas em Portugal resiste à “lei da gravidade” e continua a subir

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“Níveis historicamente baixos de novas construções, custos de construção mais elevados, um custo relativamente mais acessível em comparação com outros países europeus e um maior interesse estrangeiro no país são fatores específicos que afetam atualmente os preços da habitação em Portugal”, afirma a DBRS, salientando também que são uma minoria os casos de famílias que compraram casa a valores mais elevados e que ainda não pagaram uma parte substancial do capital – ou seja, isso faz com que a sensibilidade a taxas de juro mais elevadas seja menor do que uma análise mais superficial poderia fazer prever.

No entanto, apesar de não considerar que exista uma bolha, “os dados mais recentes mostram uma desaceleração dos preços, à medida que as taxas de juro mais elevadas reduziram o montante da hipoteca que as famílias podem pagar”. Este é um fator que contribui, diz a DBRS, que que se esteja a atingir o tal “teto”, ou seja, um momento em que o potencial de valorização começa a ser limitado.

A DBRS admite, porém, que “no médio prazo, porém, a dinâmica [no mercado imobiliário português] pode mudar. A robustez deste mercado irá depender de se conseguir “manter a inflação sob controlo, conduzindo a uma estabilização das taxas de juro”, e, por outro lado, de garantir que terá “vida relativamente curta o atual abrandamento económico na zona euro”.