Doze das mulheres que acusam o magnata Jeffrey Epstein de crimes sexuais decidiram processar o FBI considerando que este falhou na proteção das vítimas, escreve a CBS News. As queixosas alegam que a negligência do FBI levou à continuação dos abusos sexuais que sofreram, acrescenta a CNN. A queixa foi apresentada esta quarta-feira num tribunal federal em Nova Iorque.

“O FBI virou as costas às vítimas sobreviventes e este processo procura responsabilizá-lo por falhar na proteção quando o devia, absolutamente, ter feito”, disse a advogada Jennifer Plotkin,citada pela CBS News. A queixa alega que o FBI foi negligente na sua investigação e que, apesar de saber que existia abuso e tráfico sexual de mulheres e menores, permitiu que tal continuasse. Defende-se ainda que a agência tinha do seu lado informações, relatórios e queixas sobre a atividade de Epstein desde 1996, mas só em 2006 foi aberto um caso.

“Durante mais de duas décadas, o Federal Bureau of Investigation (FBI) permitiu que Jeffrey Epstein traficasse e abusasse sexualmente de muitas crianças e jovens mulheres por falhar no trabalho que o povo norte-americano espera que cumpra e que as próprias regras e regulamentos do FBI exigem: investigar os relatórios, dicas e provas que tinha sobre o desenfreado abuso sexual e tráfico sexual por parte de Epstein e proteger as jovens mulheres e crianças que foram vítimas dele“, poderá ler-se no processo, segundo a CNN. Esta queixa apoia também a divulgação de documentos do FBI relativos a Epstein que ainda estão selados.

Jeffrey Epstein suicidou-se na prisão, em Nova Iorque, em 2019. O magnata aguardava julgamento por acusações de conspiração de tráfico sexual e por tráfico sexual. As alegações de abusos por parte de Epstein teriam ocorrido nas suas casas de Manhattan, Palm Beach, Florida e na sua ilha privada nas Ilhas Virgens norte-americanas.

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Em 2008, Epstein terá assinado um acordo com os procuradores federais da Florida que o obrigou a pagar indemnizações às vítimas e a registar-se como agressor sexual. Contudo, estas afirmaram não ter conhecimento do acordo e a situação terá levado a uma investigação que estava em curso quando o magnata morreu. Um relatório do equivalente norte-americano ao ministério da Justiça viria mais tarde a revelar que o antigo procurador teve “mau julgamento”, mas não decidiu com base em “favores impróprios”, lembra a CBS News. Segundo a atual queixa, o FBI nada fez para “corrigir o que estava errado”. Num comunicado à mesma televisão, o FBI disse não comentar litígios.

Este novo processo é movido sob o nome “Jane Doe”, expressão usada nos Estados Unidos para dar nome a mulheres cuja identidade se desconhece, precisamente para proteger a identidade das 12 queixosas. Segundo a CNN, as vítimas pedem uma indemnização que não foi especificada e que será determinada em tribunal.

Esta não é a primeira vez que o FBI é alvo de alegadas vítimas por falhar numa investigação de crimes sexuais. Em 2022, 13 das vítimas de Larry Nassar, o médico da seleção nacional norte-americana de ginástica, processaram o FBI por erros que terão prolongado por meses os crimes sexuais pedindo 10 milhões de dólares cada. A agência viria a decidir discutir um acordo com as vítimas.