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O problema do tempo é não mudarem com o tempo (a crónica do Rio Ave-Sporting)

Adán teve erros capitais, Coates marcou mas continua a mostrar fragilidades, opções de ataque não abundam. Rio Ave teve muito mérito num empate de loucos mas Sporting caiu por lapsos próprios (3-3).

Antonio Adán teve um jogo para esquecer, não só pela grande penalidade cometida mas também pela exibição intranquila e com vários erros
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Antonio Adán teve um jogo para esquecer, não só pela grande penalidade cometida mas também pela exibição intranquila e com vários erros

MIGUEL RIOPA

Antonio Adán teve um jogo para esquecer, não só pela grande penalidade cometida mas também pela exibição intranquila e com vários erros

MIGUEL RIOPA

A cara dizia quase tudo, as palavras contaram o resto. Apesar de uma passagem aos oitavos da Liga Europa que nunca esteve em causa, Rúben Amorim não ficou em nada satisfeito com um empate que até ao penálti do 1-1 do Young Boys podia facilmente ter-se tornado em goleada mas também admitiu que não havia muito que pudesse apontar aos jogadores (a não ser a falta de eficácia, claro). Aconteceu, não devia ter acontecido, não poderá voltar a acontecer. No entanto, e poucos minutos depois dessa igualdade, o técnico já falava do próximo encontro para o Campeonato, das dificuldades que teria pela frente e até das condições climatéricas adversas que eram esperadas para a noite de domingo. Com pouco ou nenhum tempo para treinar, todos os pormenores contam e até as dificuldades acrescidas estavam a ser tomadas em linha de conta.

Rio Ave-Sporting. Embaló falha o mais difícil na área (1-1, 30′)

“O mister Freire fez o seu trajeto a subir de divisão com o Rio Ave, tem talento para o treino. Reforçou-se bem, aumentou as soluções, na velocidade, o Úmaro, o Adrien… Também têm jogadores castigados… A bola parada vai ser importante, bem como o estado do terreno, que vai dificultar as duas equipas. Vamos ter de nos adaptar ao relvado. Vai ser difícil mas temos a responsabilidade de vencer. O segredo para ganhar? Conhecer as ideias do treinador, as características individuais dos jogadores e as características do campo. Fizemos muito trabalho tático e temos um plano se o campo der para jogar e outro se não der. É dessa forma que se preparam os jogos”, apontara o técnico, que mais uma vez colocou como principal ponto de dificuldade a falta de tempo para treinar no ciclo de maior densidade competitiva das próximas semanas.

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“Gestão do Viktor [Gyökeres]? Caso aconteça alguma coisa, já jogámos várias vezes com um ataque mais móvel. O que complica é a quantidade de jogos, não há muito tempo para treinar. Calendário? Ontem [Sexta-feira] foi difícil porque não sabíamos com o que contar. A incerteza é o que me custa mais. Já está certo que jogamos domingo com o Farense, fazemos a Taça na quinta-feira [com o Benfica] e a Atalanta na quarta-feira. São três jogos difíceis que temos de ganhar mas as competições decidem-se é a pensar num encontro de cada vez. Depois logo se vê a gestão com os jogadores”, frisara, colocando todos os jogos ao mesmo “nível”.

“Não sabemos quais são os jogos mais importantes. Todos os fatores entram para o que pensamos sobre o Campeonato. Quando olham para o jogo com o Rio Ave todos esperam que o Sporting perca pontos. O foco é ganhar o jogo, manter o nosso lugar e mostra que, aconteça o que acontecer, e independentemente dos campos, somos capazes de vencer. O foco é em quaisquer condições vencer os jogos”, reforçara, passando ao lado de uma inevitabilidade: em caso de vitória em Vila do Conde e na próxima semana com o Farense, os leões ou se isolavam na liderança do Campeonato mesmo tendo um encontro a menos ou cavavam um fosso já muito complicado de recuperar em relação ao terceiro lugar do FC Porto, que recebe o Benfica no dia 3.

Em qualquer cenário, e mesmo depois da igualdade com os helvéticos em Alvalade (onde os verde e brancos levam 16 vitórias, um empate e uma derrota na presente temporada), este era o melhor momento do Sporting na presente temporada, chegando à partida diante de um Rio Ave longe dos velhos tempos de primeira metade da tabela classificativa mas sendo sempre um adversário competitivo e em crescendo com um total de oito vitórias consecutivas e uma veia goleadora como não se via há cinco décadas. Mais: se no plano histórico os encontros nos Arcos eram quase um Cabo das Tormentas difícil de dobrar, os derradeiros dez compromissos viraram para o Cabo da Boa Esperança perante oito triunfos, um empate e uma derrota.

Esta noite, mesmo não sendo o fim da Boa Esperança, voltaram as Tormentas. E voltaram porque há jogos em que os problemas num futuro próximo recuam até ao presente mesmo que um dia tenham sido soluções no passado. Expliquemos: o Sporting perdeu pontos em Vila do Conde porque o Rio Ave fez um dos melhores jogos da temporada que nada tem a ver em termos de qualidade com aquilo que é a sua classificação, perdeu pontos porque deixou de ter meio-campo quando essa tem sido uma das suas maiores valias esta temporada, perdeu pontos porque tropeçou em questões cada vez mais óbvias que se mantêm. Adán, que tantas vezes salvou o Sporting, teve mais um encontro errático com culpas diretas no resultado. Coates, que até marcou o golo do empate antes de ser chamado para avançado improvisado, continua a ser o elo mais fraco nas bolas colocadas em profundidade nas suas costas. O plantel, globalmente, continuou a ter pelo menos uma unidade na frente a menos. Perante tudo isso, nem Gyökeres chegou. E o problema não foi o tempo.

Ficha de jogo

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Rio Ave-Sporting, 3-3

23.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Rio Ave, em Vila do Conde

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal)

Rio Ave: Jhonatan; Josué Sá, Pantalon, Miguel Nóbrega; Costinha, João Graça (Adrien, 64′), Amine (Vítor Gomes, 81′), Vrousai; Fábio Ronaldo (Joca, 85′), Úmaro Embaló (João Teixeira, 85′) e Yakubu Aziz

Suplentes não utilizados: Lucas Flores, Patrick William, Hélder Sá, Zé Manuel e Leonardo Ruíz

Treinador: Luís Freire

Sporting: Adán; Diomande, Coates, Gonçalo Inácio (Eduardo Quaresma, 46′); Geny Catamo, Morita, Hjulmand, Nuno Santos (Matheus Reis, 61′); Francisco Trincão (Marcus Edwards, 45′), Pedro Gonçalves e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, St. Juste, Luís Neto, Ricardo Esgaio, Daniel Bragança e Koba Koindredi

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Úmaro Embaló (3′), Hjulmand (9′), Gyökeres (44′), Yakubu Aziz (45+4′, g.p. e 67′, g.p.) e Coates (73′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Úmaro Embaló (6′), St. Juste (6′, no banco), João Graça (60′), Geny Catamo (63′), Diomande (75′) Pantalon (80′ e 90+1′), Vítor Gomes (83′) e Costinha (90+4′); cartão vermelho por acumulação a Pantalon (90+1′)

A partida começou praticamente com o golo do Rio Ave que pareceu mudar tudo. Literalmente, tudo. Fábio Ronaldo arrancou bem pela direita, conseguiu fazer uma variação rápida do centro do jogo para a esquerda e Úmaro Embaló partiu no 1×1 contra Geny Catamo puxando a bola para o meio e atirando em arco para um grande golo sem hipóteses para Adán (3′). Logo de seguida, entre a explosão de alegria dos adeptos da casa, a chuva e o vento carregaram mais a sério, ganharam aquela forma que de frente faz com que uma pessoa até tenha dificuldades em abrir os olhos mas acabaram depois por serenar um pouco mais num momento que quase coincidiu com o golo do empate do Sporting: Nuno Santos e Morita trabalharam na esquerda, médio japonês conseguiu cruzar com Josué a antecipar-se de cabeça a Gyökeres e Hjulmand surgiu à entrada da área para rematar de primeira sem hipóteses para Jhonathan (9′). Estava um encontro de loucos.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Rio Ave-Sporting em vídeo]

Entre dois golos, chuva, vento e pessoas que nas bancadas andavam para cima e para baixo consoante o tempo fosse ou não dando tréguas, voltava tudo à “estaca zero” mas num jogo muito interessante de seguir. Por um lado, o Sporting, também por ter estado apenas seis minutos em desvantagem, conseguiu mostrar a sua identidade e o momento anímico de grande confiança no jogo com bola. Por outro, o Rio Ave, mesmo tendo estado apenas seis minutos na frente, não deixou de mostrar o salto qualitativo que deu com as novas opções que chegaram no mercado de janeiro. Apesar de haver mais bola dos leões, nem por isso as transições defensivas davam sossego a Rúben Amorim mas era hora de aparecer um dos protagonistas do jogo: Jhonathan. Primeiro, o capitão dos vila-condenses travou um remate de longe de Gyökeres e ainda impediu a recarga de Francisco Trincão com uma defesa mais complicada (14′). Depois, de forma mais atabalhoada por não ter visto a bola sair, voltou a tirar o golo da reviravolta do sueco num movimento na área (20′).

A qualidade coletiva dava cartas, os erros momentâneos no plano individual ameaçavam contar uma outra história. Foi isso que aconteceu à passagem da meia hora inicial, com Aziz a ganhar a profundidade atrás de Coates, Adán a sair mal não agarrando a bola e o avançado a isolar Úmaro Embaló com um passe atrasado para o remate que saiu por cima onde o mais complicado era mesmo não acertar no alvo (31′). Foi isso que voltou a acontecer um pouco depois, com Miguel Nóbrega a fazer a diferença numa saída a partir de trás que “queimou” as linhas de pressão leoninas até Vrousai ver a entrada de Fábio Ronaldo para o remate ao poste quando Adán estava batido (36′). Os golos eram inevitáveis, a forma e o tempo em que apareceram não deixaram de surpreender: Gyökeres fez a reviravolta aproveitando um atraso mal calculado de Amine com um tiro de primeira ao ângulo (44′) mas os vila-condenses ainda empataram na primeira parte com Costinha a ser derrubado na área por Nuno Santos e Aziz a não perdoar de grande penalidade (45+4′).

Rúben Amorim tinha trabalho extra ao intervalo. Por um lado, acabara de perder Francisco Trincão por lesão num lance em que os sportinguistas ficaram a pedir grande penalidade de Miguel Nóbrega. Por outro, voltou a mexer na defesa durante o descanso, com Gonçalo Inácio a dar o lugar a Eduardo Quaresma e Diomande a passar para a esquerda. Por fim, e mais importante de tudo, necessitava de encontrar o antídoto para todas as transições ofensivas que o Rio Ave foi conseguindo meter, sendo que quando os vila-condenses subiam as linhas tinham resultados práticos sem que o Sporting conseguisse perceber esse momento do jogo. Numa primeira instância, e numa segunda parte com o vento pelas costas, percebeu-se que o recurso ao passe na profundidade em Gyökeres começou a ser mais utilizado. No entanto, só isso ainda era curto.

O Sporting tinha perdido o meio-campo e esse era o principal dos problemas da equipa, tendo em conta que não conseguia evitar a forma de jogar do Rio Ave e também não transportava bola até aos elementos mais adiantados. Com o passar dos minutos, a intranquilidade era evidente, tendo o exemplo paradigmático de um lance em que Coates cortou de forma errada uma bola na área, acertou na cabeça de Diomande e quase viu o costa-marfinense marcar na própria baliza (62′). O pior chegaria depois, em novo erro individual: Vrousai lançou bem na profundidade Aziz, Adán teve mais uma saída sem nexo da baliza, fez falta naquele lance típico de quando um guarda-redes desliza pelo relvado e o avançado marcou o 3-2 de penálti (67′).

Gyökeres, do outro lado do campo, estava doido com tudo o que via. Com os companheiros que não foram antes na pressão, com a linha defensiva que voltou a deixar Aziz ganhar a profundidade, com Adán pela saída sem necessidade. Era uma imagem muito parecida com aquela que ficou nos descontos da derrota dos leões na Luz frente ao Benfica, carregada de frustração e convicta de que o desfecho poderia ser outro. Neste caso, havia mesmo mais história ainda por contar, que começou com um protagonista na área como há muito não se via: Pedro Gonçalves executou de forma rápida um lançamento lateral, Morita cruzou de pé esquerdo e Coates, que ficara na área após um canto, voltou a empatar de cabeça (73′). Era tempo de decisões e Rúben Amorim não demorou a lançar o plano B para cima da mesa, com Coates a juntar-se a Gyökeres na frente mas sem capacidade de chegar a nova reviravolta apesar da expulsão numérica nos descontos na sequência da expulsão de Pantalon por acumulação de amarelos por nova falta dura sobre o avançado sueco.

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