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A Fenprof lançou esta segunda-feira em Viana do Castelo a ação “Professores na campanha” para alertar os partidos políticos que após as eleições de 10 de março vai exigir o cumprimento das promessas relacionadas com as revindicações da classe.

“Estamos num período de promessas. As promessas têm de se transformar em compromissos e os compromissos são para cumprir. Estamos atentos a isso. Todos os partidos políticos têm dito que vão recuperar o tempo de serviço dos professores. Entre o dizer e o cumprir vai um longo caminho, mas nós cá estaremos depois do dia 10 de março para exigir o cumprimento desses compromissos“, afirmou à agência Lusa Francisco Gonçalves, subsecretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

A tomada de posição para “chamar a atenção para os problemas dos professores” decorreu no passeio das Mordomas da Romaria, em frente à Câmara Municipal de Viana do Castelo, com a participação de cerca de duas dezenas de professores.

Francisco Gonçalves adiantou que “mais do que a participação de professores”, o propósito desta iniciativa é “marcar” a campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março, relembrando “problemas que continuam por resolver”.

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Ao longo dos dez dias de campanha eleitoral a Fenprof vai percorrer os 18 distritos do país e as regiões autónomas, colocando um assunto por dia na agenda da campanha eleitoral.

O horário e as condições de trabalhos dos professores marcaram o arranque da campanha, em Viana do Castelo.

“Professores na campanha”: docentes saem para a estrada em altura de campanha eleitoral

“O estatuto da carreira dos professores aponta para um horário de trabalho de 35 horas. O que verificamos, na prática, é que os professores trabalham mais de 50 horas (…) Isto provoca um desgaste cada vez maior que, somado a todos os outros problemas dos professores, leva a que os professores estejam como o prisioneiro à espera do dia da libertação no que diz respeito à aposentação”, afirmou.

A precariedade, a contagem do tempo de serviço, a falta de apoios para os professores deslocados, inexistência do regime de proteção na doença, a profissão não ter a procura que necessitava de ter para o rejuvenescimento da profissão, são outros do problemas apontados.

“Os alunos que hoje são formados são manifestamente insuficientes para cobrir as aposentações, em número maior cada ano que passa”, alertou Francisco Gonçalves, referindo que “até ao final da década mais de 30 mil professores vão aposentar-se”.

“No início deste ano letivo foram cerca de 600 os jovens professores recém-formados para fazer face a 3.500 aposentações em 2023 e quatro ou cinco mil este ano. Há necessidade de resolver este problema”, avisou, alertando para a necessidade de “valorizar a profissão para atrair mais jovens para a carreira”.

Os professores que marcam presença na ação em Viana do Castelo, assinaram quatro petições, para serem discutidas na próxima legislatura, sobre carreiras, precariedade, condições de trabalho e aposentações.

Ema Barbosa, de Ponte da Barca, é educadora de infância e está colocada em Monção, no distrito de Viana do Castelo.

“Ainda estou contratada e tirei o meu curso há 21 anos. Já era altura de os contratados entrarem para a carreira. Nunca sei se vou chegar ao final do ano com o contrato ativo”, afirmou.

Ema Barbosa manifestou “esperança” de que o Governo que sair das eleições de 10 março “oiça os professores”.

Maria Almeida, de Monção, também educadora de infância, quer “lembrar os partidos políticos que vão formar o próximo Governo que os professores continuam a lutar para que a carreira seja valorizada”.

“A esperança é a última a morrer. Dos professores depende o futuro de Portugal. Não podemos ter um Portugal melhor se não tivermos uma boa educação”, afirmou.

A ação de rua “Professores na campanha” decorre até 8 de março.