Uma novela que, afinal, não veio só. Enquanto os adeptos da Fórmula 1 continuam a assistir a todos os novos capítulos em torno da convulsão interna da Red Bull por causa do “Hornergate”, que agora começa a escalar a um novo nível de enredo perante a possibilidade meramente especulativa de Max Verstappen bater com a porta e rumar à Mercedes, uma denúncia anónima apresentada junto da FIA está a captar todos agora o foco por colocar em xeque Mohammed Ben Sulayem, líder da Federação Internacional de Automobilismo. Tema? Uma alegada interferência naquilo que foram os resultados do Grande Prémio da Arábia Saudita.

“Não pode ficar assim, isto vai tudo explodir”: Red Bull domina Fórmula 1 mas pai de Verstappen mantém Horner em xeque

Recuemos então até 2023 e ao circuito de Jeddah, que se recebeu a segunda corrida do calendário da última temporada. Com a Red Bull a dominar por completo, com a diferença de Sergio Pérez ter sido mais rápido do que o companheiro de equipa Max Verstappen ao contrário do que tinha acontecido uma semana antes no Bahrain, as atenções estavam centradas na luta pelo último lugar do pódio. Fernando Alonso, espanhol que teve um grande arranque pela Aston Martin, tentava repetir o terceiro lugar da prova inicial, ao passo que os Mercedes queriam entrar na luta com um andamento acima dos Ferrari. George Russell conseguiu mesmo esse objetivo da terceira posição por uma sanção a Alonso mas o espanhol segurou essa posição depois de uma penalização de dez segundos ter sido anulada. É aqui que entronca o “problema”.

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De acordo com a BBC Sport, que dentro da “denúncia anónima” revela que foi um funcionário da própria FIA a avançar com a queixa, Mohammed Ben Sulayem não terá gostado da forma como o antigo campeão foi alvo de sanção e avançou com um contacto com o Sheik Abdullah bin Hamas bin Isa Al Khalifa, vice-presidente de da FIA na região do Médio Oriente e Norte de África, para reverter esse castigo de dez segundos que iria retirar o pódio a Alonso. Inicialmente, o espanhol tinha de cumprir cinco segundos de castigo por passar os limites de pista mas, quando parou nas boxes, terá havido um toque no Aston Martin com o macaco traseiro antes desses mesmos cinco segundos. A direção de corrida sancionou a infração mas depois anulou-a.

A Mercedes pediu para que a decisão fosse revista, alegando que essa infração aconteceu mesmo, mas um debate entre equipas e Federação Internacional de Automobilismo acabou por deixar Russell de fora desse pódio na Arábia Saudita, sendo que os pontos relativos a esse parágrafo das regras foram revistos mais tarde para que qualquer toque de mecânicos ou condutor nos equipamentos fosse constituído como uma violação sujeita a penalização – ou seja, dando razão à decisão que foi tomada pelos comissários.

O caso está agora a ser avaliado pelo Comité de Ética da Federação Internacional de Automobilismo, sendo prevista uma decisão das próximas “quatro a seis semanas”. Em paralelo, já se fala também de uma possível vingança de Toto Wolff, diretor da Mercedes, no seguimento da investigação que foi aberta pela FIA no final do último ano sobre a suposta fuga de informação privilegiada da Formula One Management, onde trabalha a mulher, Susie Wolff, para a equipa britânica. Logo no dia seguinte a isso, a própria FIA deu um passo atrás nessas acusações, dizendo que “o sistema de gestão” da FOM é sólido e contra fugas.