4-6, 6-3, 3-6. Em três sets, em pouco mais de duas horas, Novak Djokovic perdeu com um ilustre desconhecido e foi eliminado nas rondas iniciais de Indian Wells, protagonizando a maior surpresa dos últimos tempos no ténis. O tenista sérvio não competia no Masters 1000 da Califórnia desde 2019 e este é apenas o quarto ano desde que é profissional em que não tem qualquer troféu conquistado em março, depois de 2006, 2018 e 2022.

O responsável pela surpresa tem 20 anos, é o número 123 do ranking ATP e só chegou ao quarto principal de Indian Wells por ter sido repescado na sequência da lesão de Tomás Martín Etcheverry. Luca Nardi aproveitou a exibição irreconhecível de Novak Djokovic, que já tinha sofrido para superar Aleksandar Vukic na ronda anterior, e tornou-se apenas o sexto jogador fora do top 100 a vencer o número 1 em exercício num Masters 1000.

“Acho que ninguém me conhecia até hoje. Espero que o público tenha desfrutado. Acho que é um milagre, tenho 20 anos e nem sei como é que controlei os nervos. Ganhei ao Novak, é uma loucura. Tinha dito ao meu treinador que o objetivo era não perder 6-1 e 6-1, mas depois de três ou quatro jogos percebi que podia ganhar. Acho que fui favorecido pelo vento”, disse o jovem italiano, revelando que Djokovic é “a última coisa que vê antes de ir dormir”, já que tem um poster do sérvio no quarto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Do lado de Djokovic, desde o Open de Miami de 2008 que o sérvio não perdia com um adversário com um ranking tão baixo num Masters 1000 — na altura, o responsável pela surpresa foi o sul-africano Kevin Anderson, 122.º mundial. O vencedor de 24 Grand Slam parece estar a atravessar um período menos conseguido, já depois de ter perdido na final do Open da Austrália com o também italiano Jannik Sinner, e não escondeu a desilusão.

“Esta não é a melhor das sensações. Cair tão cedo e especialmente aqui, onde não jogava há tanto tempo… Queria fazê-lo bem. Talvez tenha sido porque há quase dois meses que não jogava ou porque há muito tempo que não jogava aqui. Dou-lhe os parabéns. Não sabia muito sobre ele, mas já o tinha visto jogar. Tem qualidade, sobretudo a partir da direita, e mexe-se bem. Não tinha nada a perder, mereceu”, começou por dizer o tenista, que não esqueceu o próprio demérito.

“Estou muito surpreendido com o meu nível. Foi muito, muito mau. Tem talento, mas eu ajudei-o a jogar bem. Juntaram-se as duas coisas: ele teve um grande dia, eu tive um dia muito mau. Cometi erros graves e no terceiro set foi muito defensivo. Foi uma exibição muito pobre da minha parte. Ainda não conquistei nenhum troféu este ano e isso não é algo a que esteja habituado. Mas faz parte, tenho de aceitar. Espero quebrar esta fase negativa. Agora não jogo muitos torneios, sou mais seletivo, mas não acredito que tenha sido um erro jogar aqui, queria jogar aqui. Ele jogou de forma mais livre, foi mais agressivo. Às vezes ganha-se, outras perde-se”, terminou Djokovic, que ainda durante o atual mês de março vai disputar o Open de Miami.