Ainda antes do início do torneio pré-olímpico de andebol, as contas da Seleção eram relativamente fáceis de fazer dentro das possibilidades de garantir uma nova presença nos Jogos de Paris e passavam por repetir o triunfo diante da Noruega logo a abrir para depois “carimbar” de forma quase certa esse passaporte contra a Tunísia. Não foi assim que aconteceu. Por um lado, os escandinavos conseguiram “vingar” essa exceção que foi a vitória de Portugal na última fase final do Europeu e colocaram essa missão do conjunto nacional mais complicada. Por outro, a própria Hungria, formação anfitriã do grupo, também não perdeu com a Noruega. Contas feitas, o encontro entre a Seleção e a equipa magiar tornava-se uma autêntica final de 60 minutos para decidir o apuramento para os Jogos Olímpicos, com essa nuance de o empate servir Portugal.

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“Esse resultado não muda nada, vamos jogar para ganhar. Vamos planificar o jogo da mesma maneira como estávamos a pensar porque sabíamos que íamos sempre precisar de ganhar à Hungria no fim, era muito difícil isto não acontecer. Os astros tinham que estar todos alinhados para chegarmos ao fim e não termos que ganhar a Hungria. Até agora só não conseguimos ganhar uma seleção como a Noruega que, aparentemente, parecia uma seleção fácil, e a demonstração de que isso não é verdade foi mais uma vitória da Noruega contra a Hungria que, mesmo sem o Sander Sagosen, conseguiram manter o nível. Estivemos ali muito perto e agora vamos fazer o que tínhamos que fazer e que sabíamos que íamos fazer que era ganhar à Hungria. Já o fizemos em França, em 2021, embora o contexto fosse um bocadinho diferente porque eles não tinham que ganhar e a Hungria tem que ganhar”, apontava o técnico nacional, Paulo Jorge Pereira.

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Essa era mesmo a única nuance que diferia da histórica qualificação de 2021 para Tóquio. Portugal ganhara um dos jogos (também contra a Tunísia), perdera o outro (nesse caso, diante da Croácia) e deixava tudo para o fim com a diferença de a Hungria necessitar de ganhar para conseguir o apuramento e a França poder ir aos Jogos no Japão mesmo com uma derrota desde que não fosse por números muito largos. Ainda assim, as contas eram fáceis de fazer para uns Heróis do Mar que levavam vantagem diante dos magiares nas últimas fases finais em que se cruzaram, com vitórias no Europeu de 2020 (34-26) e no Mundial de 2023 (27-20) e a derrota à tangente no Europeu de 2022 (31-30). Paris estava à distância de 60 minutos.

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O encontro começou com a Hungria a assumir o controlo e a vantagem no marcador, com vantagens de dois a três golos nos minutos iniciais que iam sendo depois reduzidas de quando em vez quando os dois guarda-redes nacionais conseguiam assumir outro protagonismo. Depois de uma paragem de Paulo Jorge Pereira, a Seleção conseguiu reduzir essa desvantagem, deixou depois que os magiares voltassem a disparar (13-10) mas com margem para voltar a reentrar no jogo, a ponto de chegar ao intervalo com tudo empatado a 16.

No segundo tempo, já com Diogo Rêma de vez na baliza depois de ter entrado ainda na primeira parte, foi Portugal que entrou da melhor forma. A gerir da melhor forma os ataques organizados para encontrar a fase e o jogador certos para o remate, a subir e muito em termos de rendimento defensivo, a evitar falhas que não permitissem gerir a vantagem construída e que chegara entretanto aos três golos (21-18). A Hungria, essa, ainda tinha uma palavra a dizer. Num ambiente escaldante e com uma defesa que passava várias vezes os limites da agressividade, a equipa da casa conseguiu voltar a empatar a partida a 22, deixando tudo em aberto para os 15 minutos finais, altura em que os guarda-redes voltaram a fazer a diferença e os magiares conseguiram passar para a frente, ganhando a partida por 30-27 e avançando para os Jogos de Paris.

“É uma pena a forma como perdemos. Tínhamos a dada altura o jogo controlado e num ápice, devido a uma série de acontecimentos, alguns jogadores lesionaram-se, houve uma ou outra exclusão, uma série de fatores que condicionaram, coisas que aconteceram… A pouco e pouco, foram-nos tirando para fora do jogo. Ainda fizemos alterações mas não conseguimos continuar competitivos. Nunca perdemos a esperança e continuámos a lutar até ao fim. Cada vez estou mais orgulhoso deste grupo de pessoas que lutam pelo seu país e todos têm de estar muito satisfeitos, embora gostaríamos de ter ganho esta partida. Lamento pelos jogadores mais jovens, que poderiam ter estado presentes nos seus primeiros Jogos, e pela geração mais experiente, que provavelmente já não terá outra oportunidade como esta”, comentou Paulo Jorge Pereira.