Apesar daquele último empate com os Países Baixos no final do main round do Campeonato da Europa, que impediu que Portugal lutasse por algo melhor do que o sexto lugar da prova em 2020, a sensação que ficou no final da competição era que, com o devido descanso, a Seleção só queria continuar a jogar. A jogar para demonstrar que poderia suprir as ausências que tinha então por lesão. A jogar para desafiar equipas que são melhores mas que têm sido surpreendidas. A jogar para lutar pelo próximo objetivo. Menos de dois meses depois, voltava então a jogar. E voltava para jogar por mais um feito histórico de uma geração que carimbou as melhores participações de sempre em Campeonatos do Mundo e Europeus: repetir a presença nos Jogos Olímpicos, desta vez com um contexto diferente daquele que teve em Tóquio na edição de 2020.

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Primeiro adversário? A Noruega. Um velho conhecido de Portugal, que nos últimos quatro anos cruzou-se outras tantas vezes com a Seleção e que, embora ninguém o pudesse assumir de forma direta publicamente, poderia ser a chave de acesso a Paris-2024, tendo em conta a restante composição do grupo com Tunísia e Hungria. Com um senão: apesar do triunfo nacional no último Europeu, a vantagem era dos nórdicos.

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“Nos últimos anos, jogámos quatro vezes com a Noruega e apenas ganhámos uma. Portanto, temos que nos centrar e voltar a fazer outro jogo excecional, como o que fizemos no Europeu, porque a Noruega vai-se preparar de outra forma e é um rival a temer por toda a gente, não só por Portugal. É um candidato aos Jogos Olímpicos que nós vamos defrontar e temos que estar completamente centrados, sem pensar muito no que aconteceu no passado recente. Isto é vida e movimento. É mais um jogo que temos que fazer com excecional competência para podermos vencer. Vamo-nos focar somente nos detalhes, quer ofensivos, quer defensivos, porque sabemos bem que podem colocar problemas à Noruega”, pedira o selecionador Paulo Jorge Pereira.

Ao contrário do que aconteceu em Hamburgo, faltaram argumentos à Seleção para prolongar essa onda de feitos em termos internacionais. A qualificação permanece em aberto, até pelas fragilidades demonstradas pela Tunísia diante da Hungria, mas com a derrota frente à Noruega a abrir este torneio pré-olímpico por 32-29 existe agora também a obrigação de derrotar os magiares, que jogam em casa, na última ronda. E esse cenário afigura-se ainda mais complicado do que a tarefa que Portugal tinha diante dos nórdicos.

Depois de um início de jogo equilibrado, a Noruega conseguiu as primeiras situações de vantagens de dois golos no dobrar dos dez primeiros minutos, que passou a quatro golos aos 16′ (11-7). Paulo Jorge Pereira parou o encontro, Portugal conseguiu ter uma resposta quase imediata, mas os derradeiros ataques falhados ainda antes do intervalo permitiram que os nórdicos conseguissem pela primeira vez um avanço de seis golos, chegando ao descanso a ganhar por 18-13. No reatamento, a Seleção não conseguiu impedir que o conjunto norueguês continuasse a comandar o jogo como mais lhe convinha mas o aparecimento de Gustavo Capdeville na baliza e o maior acerto em termos ofensivos recolocou a partida com dois golos de diferença a seis minutos do final, altura em que Francisco Costa falhou um livre de sete metros. Aí, foi o “final” do jogo. E Portugal perdeu mesmo na primeira jornada frente à Noruega por 32-29, com o pivô Luís Frade a ser o melhor da Seleção Nacional com oito golos e Sander Sagosen a receber o prémio de MVP da partida.

“Normalmente, o nosso fado é sofrer até ao fim e é isso que vai acontecer novamente mas não nos podemos esquecer que jogámos contra uma das melhores equipas do mundo. Conseguimos fazer uma segunda parte excelente, modificámos o sistema e surpreendemo-los com isso. Lutámos muito mais do que tínhamos lutado na primeira parte, porque aí não conseguimos ter a mesma intensidade. Quando assim é, a jogar contra equipas que fazem muita transição ofensiva, faz diferença. Recuperámos numa segunda parte fantástica, em que colocámos o ataque deles em stress com uma defesa 5×1, mas os detalhes depois fazem diferença. Continuo muito orgulhoso destes jogadores. Não está nada perdido, apenas perdemos um jogo. Vamos preparar o jogo da Tunísia e lutar até ao fim”, comentou Paulo Jorge Pereira no final do encontro.