O Hospital de São José demorou dois dias a informar a família de uma mulher de que esta tinha morrido naquela unidade hospitalar. Mais: os filhos foram informados, ao longo desse período, que a utente se encontrava a ser tratada, mesmo já depois de o óbito ter ocorrido. A família da mulher, cuja idade não é conhecida, fizeram uma reclamação e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) abriu um processo ao caso.

Tudo terá acontecido em meados de janeiro de 2023. A doente deu entrada, no dia 15, no Serviço de Urgência Polivalente do Hospital de São José, em Lisboa. Dois dias depois, a 17 de janeiro, um filho da mulher dirigiu-se à urgência para se inteirar do estado de saúde da mãe, tendo sido informado que a mulher “estava a ser muito bem cuidada e que até se encontrava num sítio calminho a ser observada”, segundo a descrição da queixa feita no relatório da ERS, divulgado esta terça-feira.

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No dia seguinte, a 18 de janeiro, a filha da mulher recebe uma mensagem do Hospital de São José, por volta do meio dia, a informar que a utente tinha sido transferida para o serviço de Medicina 1, ou seja, para o internamento de adultos. Os familiares contactaram o referido serviço, que os informou que a mulher “não tinha dado entrada ainda, mas estavam à sua espera”. No entanto, isso acabaria por nunca suceder. Isto porque, no dia 19 de janeiro, a família da utente foi informada de que a mesma tinha falecido no dia 17, pelas duas da manhã, ou seja, há mais de 48 horas.

A Entidade Reguladora da Saúde sublinha que a atuação do hospital “não se mostrou consentânea com a proteção dos direitos e interesses dos utentes, nomeadamente o direito do acompanhante ser devidamente informado, em tempo razoável, sobre a situação do doente nas diferentes fases do atendimento”.

Questionado pela ERS, o Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central (agora designado Unidade Local de Saúde de São José) disse lamentar os factos, que reconheceu terem mesmo ocorrido e sublinhou a intenção de “esclarecer quais os erros processuais que levaram ao sucedido”. Aquele centro hospitalar adiantou ainda que fora convocada uma reunião para “introdução de melhorias nos processos de informação clínica aos familiares, acompanhamento e identificação de doentes”. Uma vez que a situação já tem mais de um ano (e a debiberação da entidade reguladora data de outubro de 2023), o Observador questionou a ULS de São José de modo a perceber o que motivou os factos e que melhorias foram ou vão ser implementadas para evitar casos semelhantes, mas não obteve resposta em tempo útil.