Não se poderia falar propriamente de um jogo pela liderança da Premier League, tendo em conta que entre o ponto de diferença entre ambos havia também um Liverpool que recebi antes o Brighton, mas era por certo o primeiro dos encontros que irão ajudar a decidir aquilo que poderá ser o Campeonato inglês. Mais uma vez, à semelhança do que aconteceu na última temporada, Manchester City e Arsenal encontravam-se no Etihad Stadium para um “ajuste de contas” que voltaria a definir as diferenças entre os dois conjuntos. Por um lado, os gunners tinham levado a melhor nos dois encontros esta época, na Supertaça (após desempate por grandes penalidades) e na Liga. Por outro, os citizens levavam uma série de oito triunfos consecutivos em casa, sendo preciso recuar até 2015 para se encontrar uma vitória dos visitantes. E era entre elogios que se escrevia a antecâmara do “jogo grande”, até pela relação próxima entre Pep Guardiola e Mikel Arteta.

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“A minha admiração e aquilo que sinto por ele não mudou. A minha opinião é que ele é o melhor treinador do mundo a larga distância. Adorei trabalhar com ele e isso ficará para sempre. A inteligência, a forma como gere a equipa, uma ética de trabalho incrível. Faz muitas coisas nos bastidores que as pessoas não veem. É o que é. Não sentes diferença ao nível pessoal mas ages de maneira diferente no teu lado profissional. Provavelmente iria preferir jogar contra alguém pelo qual não tivesse estes sentimentos mas ambos queremos ganhar e ambos vamos lutar por isso”, apontara Arteta, treinador do Arsenal que foi durante adjunto de Pep Guardiola no Manchester City, criando com o compatriota uma relação próxima.

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O mestre, voltando a fazer elogios à sua “criação”, fez também uma confidência a propósito de uma visão que existe de “City todo poderoso” que consegue tudo… ou às vezes não. “Às vezes há aqui muitos jogadores que queremos e que decidem não virem. O Declan [Rice] não foi o primeiro que queríamos e não quis assinar connosco, temos uma lista larga. Basicamente, ele não quis vir nem por todo o dinheiro do mundo, por isso não ia acontecer. Ele tomou a sua decisão. Todas as equipas da Premier teriam contratado Declan se pudessem, ele é o capitão de Inglaterra e um jogador jovem que joga regularmente. Foi por isso que o Arsenal pressionou da forma que fez para contratá-lo”, contou Guardiola, confirmando as ofertas pelo médio.

O internacional inglês, que trocou o West Ham pelo Arsenal, era visto como uma espécie final no puzzle de Arteta para o regresso dos gunners ao título duas décadas depois, levando assim a um investimento que se tornou o maior de sempre por um jogador inglês na Premier. No final, viu-se de facto um conjunto londrino que está mais capaz neste tipo de encontros, sendo complicado de dominar e conseguindo equilibrar quase sempre o duelo com o Manchester City. No entanto, quem mais ganhou acabou por ser o… Liverpool.

Num duelo com algumas oportunidades mas genericamente poucos motivos de interesse apesar da grande intensidade e agressividade positiva em todos os lances, Manchester City e Arsenal não foram além de um nulo, deixando assim o conjunto de Anfield, que venceu o Brighton com uma reviravolta, na liderança isolada da Premier League. Ainda assim, sobrou uma particularidade: os gunners conseguiram interromper uma série de 57 encontros consecutivos dos citizens sempre a marcar em casa, numa senda que começou depois do empate sem golos com o Sporting na segunda mão dos oitavos da Champions de 2021/22.