O próximo jogo do Sporting é contra o Gil Vicente, esta sexta-feira em Barcelos, mas Rúben Amorim sabia ao que ia quando entrou na sala de conferências da Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete. Aí, durante toda a conferência, houve quase um “jogo”. As perguntas saíam de várias f0rmas e diferentes sentidos mas sempre com o mesmo objetivo, as respostas não se desviaram daquilo que tinha sido definido desde o encontro com o Benfica para o Campeonato. Assim, foi um “jogo sem balizas”. Muitos passes para golo, nenhuma intenção de finalizar o que quer que fosse em relaçã0 ao futuro no Sporting. Com uma exceção, logo na oportunidade inicial: como o Observador escrevera esta semana, não houve conversas nem acordos com ninguém.

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“É a última vez que vou falar sobre o meu futuro. Não houve entrevista muito menos acordo, a única coisa que queremos aqui todos é ser campeões pelo Sporting, nada vai mudar. Sou treinador do Sporting, não houve entrevista ou acordo com nenhum clube, estou apenas focado como sempre a defender o meu clube. Como já não tenho mais nada para dizer, não vai haver entrevistas ou acordos com o treinador do Sporting. Assunto está completamente arrumado, seja para este ou outro clube”, destacou o treinador.

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“Se vou manter no Sporting se ganhar títulos? O futuro é com o Gil Vicente, não vou falar disso… Estamos sempre a fazer as mesmas perguntas mas o objetivo é ganhar títulos. Não consigo garantir que ganhamos o Campeonato, portanto não posso garantir nada”, voltou a reforçar em mais uma pergunta sobre o futuro, que foi aproveitada também para recordar que a equipa leonina “ainda luta pela vida” em termos de época, seja numa Primeira Liga em que tem quatro pontos de avanço, seja na final da Taça de Portugal. Por mais que sorrisse ainda antes de começar a responder a essas tentativas, não mais o discurso saiu daqui.

“Quatro pontos de avanço? Um dia mau e fica-se com um.” Amorim é um homem satisfeito, mas não dá nada como garantido

Já em relação ao encontro em Barcelos, que será orientado por Carlos Cunha, treinador dos Sub-23 do Gil Vicente que assumirá de forma interina do dispensado Vítor Campelos até à chegada de Tozé Marreco, ex-Tondela, Rúben Amorim abordou os possíveis contactos com o antigo companheiro e jogador João Pereira, que dirige os Sub-23 dos leões, ao mesmo tempo que deu conta de uma semana de trabalho e sem haver a necessidade de “chamar os jogadores à terra” depois da euforia vivida depois do triunfo no dérbi.

“Bem, primeiro é preciso ter cuidado com o João Pereira que ainda fica com o meu lugar, é preciso máxima distância…”, começou por ironizar o técnico da formação verde e branca. “A preparação do jogo torna-se diferente, não sabemos com o que contar, temos de ver o que o Gil Vicente tem feito. Fomos ver os Sub-23 do mister Cunha, ele já passou por esta situação no ano passado e vimos o que ele fez com o Benfica. Fizemos uma preparação normal, tendo essa parte da incerteza, mas focados no que temos de fazer. Como tivemos mais tempo preparámos uma possibilidade de três centrais, não sabemos… Se estivermos bem na nossa forma de jogar, vamos passar mais tempo com a bola, focámos mais nisso”, explicou sobre a troca.

“Se posso garantir que fico? Não consigo. Primeiro é ganhar títulos, depois logo se vê”, volta a apontar Rúben Amorim

“Esse sentimento de confiança está lá desde início e depois obviamente que com o desenrolar do Campeonato acreditamos cada vez mais. Os jogadores ficaram muito felizes com o resultado. Tem influência o minuto do golo [do 2-1], as bancadas, fomos para dentro e o estádio ficou ainda com as pessoas lá dentro. Todos ficaram felizes com o resultado. Esta semana trabalhámos muito calmos e tranquilos. As pessoas acreditam cada vez mais mas há muito a fazer. Não senti euforia nenhuma. Senti que todos querem jogar, isso é importante. Eles têm noção da dificuldade dos jogos que vêm aí. Não senti diferença para as outras semanas. Fiquei desconfortável no dia do jogo porque os jogadores ficaram muito felizes mas foi só isso. Os jogadores estão como sempre os vi, confiantes mas a pensar que os jogos são sempre muito difíceis”, destacou.

“Só trouxe Gyökeres por causa de Rúben Amorim”: agente do sueco admite que permanência pode complicar-se caso o treinador saia

Ainda na conferência de imprensa, Rúben Amorim abordou também a valorização de 100 milhões de euros em termos de mercado que o plantel teve durante a temporada e as palavras do agente de Viktor Gyökeres, que colocou como chave para a continuidade do sueco o futuro do treinador. “Encaixa no projeto de todos os treinadores, a ideia é melhorar a equipa e os jogadores. A valorização foi porque juntámos jogadores talentosos, uns ajudam os outros, tem mais impacto do que o papel do treinador. De nada vale se não terminarmos a época com títulos, essa é a grande valorização. Uma palavra para o scouting, conseguimos achar jogadores com grande talento e por um valor mais baixo. Temos de vencer títulos para valorizar os jogadores. Gyökeres? Todos estão dependentes do treinador, se não treinarem bem não jogam amanhã [sexta-feira] e depois não jogam com o Famalicão. Isso é uma certeza, com ele e com todos”, referiu.

Por fim, e em dia de homenagem no Estádio da Luz no Benfica-Marselha, o técnico leonino falou também do papel de Sven-Goran Eriksson na evolução dos treinadores nacionais. “Foi um treinador muito importante no Benfica. Com o meu crescimento, todos sabem o meu passado, houve vários… Mourinho teve um grande impacto, Eriksson também. Falo do lado do treinador. Trouxe coisas novas, treinar mais com bola surge por ele. Passa por uma fase difícil e é bonito ver clubes a homenagear uma pessoa tão importante no futebol. Quero enviar um abraço por parte do Sporting para o mister Eriksson”, analisou Rúben Amorim.

Chegou o momento: Eriksson vai ser homenageado na Luz no jogo do Benfica frente ao Marselha