A campanha do FC Porto tem assumido uma faceta quase bipartida entre Pinto da Costa, presidente há mais de quatro décadas, e André Villas-Boas, candidato que surge pela primeira vez como uma alternativa real ao líder do clube desde 1982. Nuno Lobo, que volta a avançar com uma lista depois do sufrágio de 2020 em que terminou com cerca de 5%, ganhou quase uma “segunda missão” além de defender o programa eleitoral para o FC Porto – mostrar que existe uma terceira via para o futuro do clube. E foi isso que tentou mostrar este domingo, na formalização da lista C com pompa e circunstância no Museu do FC Porto.

“Não somos uma candidatura de revolução mas sim de evolução, de continuidade”: Nuno Lobo oficializa listas à presidência do FC Porto

“O nosso trabalho vem a ser feito desde 2020. Na altura apresentámos um programa com 25 propostas, agora este já tem 300. O que nos interessa é que alertámos para as contas em 2020. A forma como interviemos custou um processo em tribunal. Falámos disso na altura e falámos agora. Falámos da falta de ecletismo. Hoje fala-se de voleibol feminino mas nós já falávamos disso. Hoje fala-se de futsal, fomos os primeiros. Atletismo também, a mesma coisa. Há outras modalidades em que é possível devolver o FC Porto”, começou por referir o professor universitário e empresário, num discurso onde foi fazendo várias referências a pontos que tinha abordado no sufrágio de 2020 e que assumiram agora outra centralidade.

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“Em 2020 alertámos para o naming do Estádio e do Dragão Arena. Foram 12 anos de passividade. Alertámos para tudo isto. Queremos também criar essas sinergias com as empresas, com a cidade, com escola, com a Câmara Municipal. Essa falta de visibilidade também se vê a nível nacional. Não há representação no nosso aeroporto. É uma cidade virada para o turismo e não há quase nada. Além disto, em 2020 denunciámos as situações e tivemos alguém do outro lado que bateu palmas a isto tudo. Hoje é candidato e foi o primeiro subscritor da candidatura de Pinto da Costa. Em 2020 o passivo era superior a 400 milhões de euros. Esqueceu-se. Na altura, havia capitais próprios negativos de 120 milhões de euros, também se esqueceu”, apontou Nuno Lobo, que por mais do que uma vez foi visando a lista de André Villas-Boas.

“Houve a academia fantasma, em Matosinhos, que não deu em nada, mas que alguém subscreveu. São estas situações que nos levam a acreditar que fomos pioneiros em 2020. Nada foi resolvido até 2024, daí a nossa recandidatura. O presidente veio entretanto dizer que ia acabar com os absurdos prémios da administração. Quem alertou primeiro, em 2020? Nós. Agora fala do padel, do surf, do futsal. Quem falou disso? Nós. Quando falo em Academia, queremos uma Academia porque queremos todos os níveis de formação num só espaço. Não é Olival, Dragão, Pedroso. Tem de haver simbiose entre equipas. O nosso modelo de Academia não é um Centro de Alto Rendimento, que foi uma promessa antiga de Pinto da Costa. Não podemos esperar mais 20 anos, porque já estamos com 20 anos de atraso”, alertou o candidato.

Nuno Lobo, o adepto do FC Porto que já foi “o” adepto e que quer ser “mais terrível” do que Pinto da Costa

Mais tarde, Nuno Lobo abordou também o caminho que a campanha tem levado. “Não acreditamos nesta fantasia da pacificação do futebol por tudo o que se tem visto. As arbitragens lesam o FC Porto, jogo após jogo. Os outros candidatos têm a comunicação social do lado deles e não denunciam isto. Estamos aqui porque queremos agregar as pessoas. Temos assistido a coisas que nos entristecem, estas trocas de palavras, chegamos ao cúmulo de ouvir dizer que tem 46 anos e consegue estar de pé, outro a mandar ir para as corridas… Não quero entrar nisso”, referiu em relação às “farpas” entre Pinto da Costa e André Villas-Boas.

“Há pessoas que rodeiam o presidente que não podem sacudir a água do capote”: entrevista a Nuno Lobo, candidato à presidência do FC Porto

“Todos os anos temos de vender um jogador só para pagar os juros. Junto dos credores, temos de conseguir taxas de juro mais acessíveis. Temos de tentar reestruturar e renegociar a dívida. Contas sólidas trazem credibilidade junto da banca. Algumas das nossas pérolas serviram para pagar dívidas e buracos, não para render ao clube. Vejam-se os casos de Fábio Vieira e Luis Díaz. Temos vários casos em que o clube rival põe cláusulas astronómicas num jogador banal. Todos os anos temos jogadores a sair a custo zero, isto tem de acabar, assim como ir buscar jogadores que bateram a porta. O patamar de 300 mil sócios não é impossível. Temos mais títulos internacionais do que todos os outros portugueses juntos. E queremos acabar com a categoria de sócio correspondente. Quem vive mais longe tem de ter os mesmos direitos de quem tem a sorte de viver no Porto. Também vamos propor a limitação de mandatos na presidência do FC Porto”, fisou.