Luís Marques Mendes considera que as declarações de Pedro Coelho sobre a ligação de Luís Montenegro ao período da troika — que o antigo primeiro-ministro partilhou numa entrevista recente ao Observador — não são uma crítica. “Mas, para aqueles que possam achar que é, esta crítica até ajuda” porque “reforça a ideia de que Luís Montenegro é um político moderado, ao centro”, disse Marques Mendes no seu espaço de comentário semanal na SIC. “Esta valoriza, não prejudica muito.”

O antigo presidente do PSD diz ainda que as declarações de Passos sobre Paulo Portas, na mesma entrevista a Maria João Avillez, para o podcast “Eu Estive Lá”, mostram, pelo menos, que “havia sérias divergências entre os dois no Governo”. E são, ao mesmo tempo, um contributo para perceber melhor “como foi todo o processo da troika em Portugal”.

Marques Mendes falou ainda sobre a decisão da Relação de Lisboa, conhecida esta semana, e que afasta a existência de suspeitas fundadas sobre o ex-primeiro-ministro António Costa no âmbito da Operação Influencer. O social-democrata considera que “a machadada final foi dada agora”, não apenas pelas referências a António Costa mas também pela decisão de suavizar as medidas de coação aplicadas aos principais arguidos do processo.

“Perante tudo isto, o Ministério Público não vai fazer uma reflexão interna sobre o seu funcionamento, vai assobiar para o lado? A Procuradora-geral da República não vai tomar a iniciativa de pôr o lugar à disposição?”, questionou-se Marques Mendes, numa das várias questões que lhe diz serem suscitadas pelos últimos desenvolvimentos.

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Mendes coloca também o foco sobre Marcelo e Luís Montenegro: “Perante esta crise de confiança no Ministério Público, o poder político — o Governo e o Presidente da República — não vai ter nenhuma palavra pública preocupação? Vai ficar quieto, calado? É difícil de compreender”, considera o social-democrata. Mas não só. Também a questão dos 75 mil euros em dinheiro encontrados no gabinete do chefe de gabinete de António Costa exigiam, diz Mendes, uma “explicação” do ex-primeiro-ministro. Sobre Lucília Gago, Marques Mendes diz ter sido “desautorizada” e ter incorrido num “verdadeiro abuso de poder” ao incluir um parágrafo sobre Costa na comunicação que, a 7 de novembro, a Procuradoria-Geral da República divulgou sobre esse caso. É, resume, “uma derrota da PGR” num “processo que, mais dia menos dia, será arquivado”.

Ainda no plano da atualidade política, na semana em que o Governo anunciou as alterações às tabelas de retenção de IRS, Marques Mendes diz que o que está em causa é a “conjugação de uma decisão justa de António Costa e outra igualmente justa, embora menor, de Luís Montenegro”.

E, sobre o congresso do CDS, que se realizou este fim de semana em Viseu, Mendes diz que, apesar de ter sido um momento “bom” para o partido, teve uma nota de “mau gosto”: o anúncio da criação de uma comissão para preparar os 50 anos do 25 de novembro de 1975. “Anunciar-se num congresso partidário uma medida como essa” e “anunciar esta iniciativa a quatro dias das comemorações dos 50 anos do 25A parece-me desaquadeado”, defendeu. “Não é provocação, mas parece.”