É quase um sim. Apontando com insistência como futuro cabeça de lista da Aliança Democrática nas próximas eleições europeias, Rui Moreira confessou este domingo que a Europa é uma questão que o “interessa” e “principalmente” que o “preocupa”. Mesmo garantindo que não existe um convite formal nesse sentido, o atual presidente da Câmara Municipal do Porto assume que a União Europeia é um projeto que o “atrai”.

Na CNN, no seu habitual espaço de comentário, Moreira deixou claro que não ia confirmar ou desmentir as notícias que o dão como futuro cabeça de lista da coligação e que essa era uma competência exclusiva de Luís Montenegro — que esta segunda-feira vai levar a votos a lista da Aliança Democrática nas eleições de 9 de junho. Ainda assim, o autarca assumiu, como nunca antes o tinha feito, o interesse pela política europeia.

“A questão da Europa é uma coisa que me interessa e que principalmente me preocupa. Todos temos de nos preocupar com a Europa e com o projeto europeu. O projeto europeu foi o grande projeto do século XX para os europeus depois de duas guerras devastadoras. Temos de lutar pela Europa que queremos. Uma Europa que está ameaçada por guerras. É um projeto que, de alguma maneira, me atrai“, afirmou Rui Moreira.

Como explicava aqui o Observador, a posição de Rui Moreira sobre uma aventura europeia também terá evoluído ao longo do tempo. Em muitos momentos, entrevistas e declarações, o autarca mostrou algumas reservas em relação a uma eventual candidatura a Bruxelas. Por um lado, Moreira nunca escondeu a vontade de se dedicar à vida pessoal e às várias coisas que deixou por fazer. Ao mesmo tempo, o vaivém semanal entre o Porto e o Parlamento Europeu e o facto de o cargo de eurodeputado não ter o perfil executivo que o fez aproximar-se da política também o fizeram muitas vezes torcer o nariz à ideia.

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Em contrapartida, a verdade é que o desafio europeu prolongaria o percurso político de Rui Moreira e garantir-lhe-ia um espaço privilegiado para continuar a intervir publicamente. Tendo atingido a limitação de mandatos na cidade do Porto, e afastada (para já, pelo menos) a hipótese de vir a liderar o FC Porto, a Europa é uma forma de continuar a influenciar e a defender a cidade, a região e o país. Terão pesado mais estes argumentos na decisão de Moreira.

Esta noite, de resto, Luís Marques Mendes voltou a dizer que Rui Moreira será mesmo o cabeça de lista da Aliança Democrática às europeias. A decisão só será oficialmente confirmada esta segunda-feira, quando o PSD e CDS juntarem os respetivos Conselhos Nacionais (em iniciativas autónomas, naturalmente) para aprovarem as listas. Aliás, este domingo, à margem do 31.º Congresso do CDS, em Viseu, Nuno Melo disse que Rui Moreira “merece o elogio e consideração”, mas remeteu a decisão para Luís Montenegro.

Resta saber quem vai acompanhar Moreira na aventura europeia. Segundo apurou o Observador, Paulo Cunha, vice-presidente do PSD e antigo presidente da Câmara Municipal de Famalicão, deve integrar a lista. Também Carlos Coelho e Lídia Pereira, atuais eurodeputados, são apontados com insistência. Sérgio Humberto, presidente da Câmara Municipal da Trofa, que está a cumprir o seu terceiro e último mandato autárquico, foi indicado pela distrital do PSD/Porto para o cargo. Emídio Guerreiro, atual deputado social-democrata, está a ser apontado como diretor de campanha às europeias.

Pelo CDS, que terá direito a indicar a um lugar elegível, o nome que parece reunir mais consenso é o de Ana Miguel Pedro Soares, assessora do CDS no Parlamento Europeu, que recebeu um elogio público de Nuno Melo no discurso de encerramento do 31.º Congresso do CDS. Até ao momento da publicação deste artigo, no entanto, a decisão de Nuno Melo ainda não estava fechada.