Fechado no Palácio da Moncla com as filhas e a mulher, Begoña Gómez. Foi assim que o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, passou os últimos dias. Desde a passada quarta-feira, em que revelou a carta à cidadania, o socialista está a “refletir” sobre se se demite, ou se se mantém no cargo. E não há qualquer pista sobre qual será a decisão final — nem sequer a hora em que, esta segunda-feira, a anuncia.

Em declarações jornal El País, pessoas próximas de Pedro Sánchez relatam precisamente essa falta de informações e dizem que não têm feito outra coisa se não “especular sem informação”. “Tenho a sensação de que estamos a ler cartas de tarô: todos interpretamos sinais, mas não sabemos o que vai fazer”, referiu uma fonte.

Em choque e bastante pessismitas inicialmente, os socialistas ganharam ânimo com as manifestações dos últimos dias a pedir que Pedro Sánchez permaneça enquanto presidente do governo espanhol. E agarram-se à ideia de que a onda de apoio que se formou é suficiente para manter o chefe de governo no cargo. “Não pode ir-se embora depois de tudo o que viu. Ele é um político sensível ao que está a ver nas ruas. Não se pode deixar que a extrema-direita ganhe o jogo”, confidencia uma fonte ao El País.

Sem informações, os dirigentes do PSOE torcem para que Pedro Sánchez fique — e os planos para o day after são pouco explícitos. Há, não obstante, uma garantia: querem evitar a todo o custo novas eleições. Caso o líder do governo se demitir, quem deverá assumir as funções, pelo menos a curto prazo, deverá ser María Jesús Montero, ministra da Economia e vice-presidente dos socialistas.

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Em sentido inverso, o Partido Popular (PP) continua a achar que o socialista não se demitirá, insistindo que se trata de uma estratégia política. Ainda assim, os populares adicionaram uma camada à sua estratégia política: passar a ideia de que Pedro Sánchez “já representa o passado”.

Citado pelo El Mundo num evento partidário em Lleida, o presidente dos populares, Alberto Núñez Feijóo, garantiu que “diga o que diga” esta segunda-feira, Pedro Sánchez está “marcado para sempre pela decadência e rutura que trouxe a Espanha”. Apontando para a irresponsabilidade do período de reflexão, o líder do PP atirou que Espanha é “muito mais do que uma pessoa”.

O presidente do Partido Popular assegurou ainda que, se for eleito chefe de governo, jamais “utilizará” Espanha “como uma plataforma narcisista” para validar o que diz ser a aprovação “na sua pessoa”.

Este domingo, cinco mil pessoas manifestaram-se em Madrid e pediram que Pedro Sánchez fique no cargo. Participaram na manifestação não só socialistas, como também outros membros de partidos de esquerda, como o Sumar. Segundo o El Español, a atual ministra da Saúde, Mónica García, foi uma das presentes e pediu o fim do “bullying político” ao chefe do governo.