Um agrupamento de escolas no condado de Shenandoah, no estado norte-americano de Virgínia, pode estar à beira de desencadear uma discussão cultural e histórica no país. Isto porque, como conta a Reuters, a direção do grupo irá votar esta quinta-feira para decidir se repõe os nomes associados à época da Confederação, símbolo da divisão que levou à guerra civil e que é hoje associada a ideias nacionalistas e racistas, em duas das suas escolas.
Se isto acontecer, esta será a primeira comunidade a restituir estes nomes, que foram retirados em 2020 — seguindo uma tendência que tem sido cada vez mais comum nos Estados Unidos — e que faziam referência a três “líderes militares dos Estados esclavagistas”, então organizadas no grupo conhecido como a Confederação, durante a guerra civil. São os casos de Stonewall Jackson, Robert E. Lee e Turner Ashby.
As estátuas dos dois primeiros generais já tinham, de resto, sido retiradas de um parque em Charlotesville, também no estado da Virgínia, anos depois de terem servido de ponto de encontro para a manifestação do grupo “Unite The Right”, que juntou vários grupos de supremacistas brancos e de extrema-direita.
Como a Reuters também recorda, as instituições norte-americanas aceleraram o processo de remoção de símbolos da Confederação após os protestos pela morte de George Floyd, em 2020, às mãos de polícias de Minneapolis, que motivaram acusações de racismo contra a polícia. Mais de 60 escolas tinham, nessa altura, nomes associados aos estados do Sul e esta seria a primeira vez que uma destas decisões seria revertida.
Um grupo conservador local, escreve a agência, desencadeou o processo pedindo que estes nomes fossem repostos, decisão “essencial para honrar a herança da comunidade”, e assegurando que fez estudos que mostravam que 90% dos inquiridos eram favoráveis ao regresso dos nomes antigos.
A história dos símbolos da Confederação pesa e vem da época da guerra civil norte-americana. Em 1860, um conjunto de estados do sul dos EUA romperam com a união e formaram os Estados Confederados da América. No centro da divisão estava a escravatura dos negros — enquanto os estados do norte eram abolicionistas, os estados do sul que romperam com os EUA desejavam manter a escravatura.
A bandeira da Confederação, um dos seus símbolos mais conhecidos, tem sido comum em protestos organizados por grupos de extrema-direita e supremacistas brancos nos EUA. A exibição da bandeira tem sido gradualmente proibida por organismos militares, instituições privadas e organismos públicos.
