A indústria automóvel está dividida, não sabendo bem o que fazer, ou melhor, que rumo tomar de forma a maximizar os lucros no curto prazo e, no processo, satisfazer os accionistas que investiram nas respectivas empresas. Daí que surjam no mercado construtores que querem apenas maximizar o lucro imediato, construindo modelos a bateria com base em plataformas de modelos a combustão, sacrificando com isso a eficiência, enquanto outros saltaram de cabeça e abraçaram a nova tecnologia com as duas mãos, apostando em plataformas dedicadas (o que implica reformular por completo as linhas de produção) e no fabrico de baterias e de motores eléctricos.

Entre todos os construtores europeus, a Volkswagen — como marca e como grupo industrial — foi quem apostou primeiro e mais decididamente nos veículos eléctricos, ainda que com algumas opções discutíveis. Depois de investir fortemente, o fabricante alemão está a ver as vendas deste tipo de veículos deixarem de crescer ao (alucinante) ritmo anterior, apesar de o país a que pertence ser o principal responsável por esta realidade, pois foram os alemães (o maior mercado europeu) que decidiram retirar, em Dezembro de 2023, os incentivos aos veículos eléctricos, ao passo que os híbridos plug-in (PHEV) continuam a usufruir de algumas vantagens.

Alemanha. Sem subsídios, vendas de veículos eléctricos caem 54,9% em Janeiro

Neste cenário não é de estranhar que o CEO da VW, Thomas Schäfer, tenha admitido a surpresa perante “a estagnação das vendas dos veículos eléctricos”, tendo afirmado numa entrevista aos britânicos da Autocar que “os híbridos já foram vistos como uma coisa do passado, mas a realidade é que nos últimos seis meses toda a gente parece querer híbridos”. Schäfer acrescentou ainda que “felizmente há PHEV”, tecnologia que apontou como uma “solução transitória” de que a indústria “necessita de momento”.

É certo que a Alemanha limitou os PHEV que podem aceder a incentivos, obrigando-os a oferecer muito mais do que os 50 km obrigatórios até aqui, o que levou as marcas germânicas que pretendem continuar vender no mercado doméstico a apontar para valores entre 80 e 100 km. Porém, poucos foram os construtores não alemães que regressaram aos PHEV, para mais incrementando a capacidade da bateria para próximo do dobro, para percorrer no mínimo 80 km, pelo que o Governo alemão conseguiu assim ajudar os “seus” construtores, “livrando-se” simultaneamente dos europeus concorrentes.

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