O BE e o PCP criticaram esta quinta-feira o novo regime de IRS destinado aos jovens apresentado pelo Governo argumentando que beneficia apenas os rendimentos mais altos.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu que a maioria dos jovens não sairá beneficiado com a medida, uma vez que não têm rendimentos suficientes para pagar 15% de IRS.

“Opomo-nos a esta medida, porque ela é injusta, porque ela não se aplica a 75% dos jovens que recebem mil euros (…) ela aplica-se a quem ganha muito e deixa de fora a grande maioria das pessoas que ganham salários reais em Portugal, que são 1.000, 1.500 euros”, argumentou.

A líder do Bloco deixou também críticas à limitação etária desta medida, sublinhando as “enormes dificuldades” enfrentadas pela “geração que começa nos 35 anos” e que enfrentou a “crise da Troika”, da pandemia, da inflação e da habitação e “nunca conseguiu ter estabilidade na vida”

“Assistimos a um momento em que a diferença entre ter 34 ou 35, ou 35 ou 36, se tornou uma diferença enorme no acesso a benefícios fiscais”, criticou a líder do Bloco de Esquerda.

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A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, considerou que as medidas anunciadas pelo Governo “passam ao lado daquilo que são os problemas centrais sentidos pelos jovens” e não apresentam as “soluções necessárias” para os seus problemas.

“Estamos perante um conjunto de anúncios que, na prática, não vão dar resposta aos problemas concretos sentidos pelos jovens no nosso país, nem vão impedir que os jovens vão procurar melhores condições de vida noutros países”, criticou.

A deputada considerou que as medidas do Governo não garantem estabilidade na vida dos jovens, nem combatem os vínculos precários, além de não ser adotada qualquer medida “no sentido da valorização da escola pública, da sua gratuitidade, do investimento que é necessário fazer”.

Paula Santos defendeu que a medida sobre o IRS Jovem só vai beneficiar “os jovens com rendimentos muito altos”, uma vez que 75% aufere salários até aos mil euros, e as políticas para a habitação “vão empurrar os jovens para o endividamento à banca”

“Não há medidas concretas nem para travar os valores das rendas, nem para intervir sobre os aumentos das taxas de juro”, criticou.

A Juventude Social-Democrata (JSD), em comunicado, congratulou o Governo pela aprovação de medidas que concretizam “várias das bandeiras e das propostas apresentadas pela JSD nos últimos anos” em áreas como o alojamento estudantil, as bolsas de trabalhadores-estudantes, a habitação e o IRS Jovem.

A proposta do IRS Jovem do novo Governo é justa?

À agência Lusa, o líder dos jovens do PSD, Alexandre Poço sublinhou que este é “um dia muito feliz para os jovens portugueses” pela “aprovação de medidas e propostas que foram grandes lutas da JSD nos últimos anos e que fazem a diferença na vida dos jovens”.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira o novo regime do IRS Jovem que contempla o pagamento de um terço da taxa de imposto até um máximo de 15% para todos os rendimentos de trabalho de pessoas até aos 35 anos.