O candidato do MAS às eleições europeias, Gil Garcia, defendeu esta quarta-feira que os salários recebidos pelos eurodeputados sejam reduzidos para metade, sendo o dinheiro canalizado para bolsas de estudo e fundos de greve.

“Se for eleito, vamos propor a redução para metade quer dos salários, quer das mordomias” dos eurodeputados, afirmou Gil Garcia à margem de um protesto realizado em frente ao Centro Europeu Jean Monet, em Lisboa.

De acordo com um cartaz exibido pelo partido, o salário de um eurodeputado é de 10.075 euros, valor a que são adicionados 4.950 euros de subsídio de função, 425 euros de subsídio de transporte, 350 euros por presença diária nas sessões e 28.500 euros para despesas com assessores e atividades de apoio, num total de mais de 47 mil euros.

Embora admita ser pouco provável que a sua proposta seja aceite pelos 720 eurodeputados, Gil Garcia garante que vai fazer desta questão o seu “cavalo de batalha” e adianta querer “pôr à disposição da imprensa” as suas contas, caso seja eleito.

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Os cerca de 20 mil euros que cada eurodeputado deixaria de receber, caso a proposta fosse adotada, seriam para bolsas de estudo e para “sustentar as lutas de quem fizer greves”, adiantou o candidato do MAS, que é professor de profissão. “Eu não vou resolver o problema de fundo, obviamente, mas dar um exemplo”, defendeu.

Gil Garcia avançou também querer criar um salário mínimo europeu de 1.300 euros líquidos. “Em Portugal há 800.000 pessoas que seriam beneficiadas se houvesse um salário mínimo europeu”, explicou, acrescentando que “há 16 países da União Europeia cujo salário mínimo está abaixo” desse valor.

O candidato, que disse que iria entregar esta quarta-feira no centro Jean Monet um documento de protesto contra os salários do eurodeputados “para a União Europeia refletir”, avançou ainda ter outras propostas.

O MAS quer “a redução de impostos” para as pequenas e médias empresas, como os restaurantes, hotéis ou cabeleireiros. “Um cabeleireiro é capaz de pagar mais impostos do que paga um banco”, criticou, sustentando que, por exemplo, a Galp “devia ser penalizada [porque] tem lucros fabulosos”.

Mesmo com lucros, “os combustíveis estão caríssimos, [apesar] de prejudicarem o ambiente” e a empresa “ainda anda a anunciar ao país que vai abrir mais poços de petróleo na Namíbia”, censurou.

O candidato do partido afirmou ainda que outra das preocupações da campanha para as eleições ao Parlamento Europeu é “o clima de guerra que está instalado na Europa”, até porque vai consumir mais impostos.

“O [primeiro-ministro, Luís] Montenegro já disse – e estou convencido que o PS também o ia fazer caso tivesse ficado no Governo — que vai responder afirmativamente ao pedido da NATO” para que cada Estado canalize 2% do Produto Interno Bruto para o orçamento da aliança militar.

“Portanto, 2% do PIB repercutido sobre o Orçamento Geral do Estado são 5 mil milhões de euros. [Este valor] vezes cinco anos de um mandato de um deputado europeu são 25 mil milhões de euros dos nossos impostos gastos em material de guerra”, criticou Gil Garcia, avançando que isso quer dizer que a Europa “está a preparar-se para novas guerras”, mas que o MAS quer “uma Europa de paz”.

Em Portugal, as eleições europeias realizam-se em 9 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados.