O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump reagiu esta sexta-feira à sua condenação por 34 crimes no caso conhecido como Stormy Daniels. Num discurso em que começou por criticar a onda de imigrantes que está a chegar aos Estados Unidos e acusar a liderança norte-americana de aumentar os impostos no país, Trump descreveu um julgamento “injusto” e “tendencioso” e com o envolvimento de procuradores “maus” e “doentes”.

“Se conseguem fazer isto comigo, podem fazer isto com qualquer um”, decretou o candidato às eleições presidenciais numa conferência de imprensa na Trump Tower, acrescentando que é o “caso mais louco que alguma vez viu”. “Vivemos num estado fascista”, sublinhou, lembrando o caso de While Weisselberg, um dos seus antigos diretores financeiros e cujo nome foi invocado várias vezes durante o julgamento relacionado com o pagamento de um suborno à atriz porno Stormy Daniels. “É muito injusto, mas destruíram a vida dele”, afirmou, numa referência à condenação de Weisselberg a uma pena de prisão por perjúrio e trançando uma comparação entre os dois casos.

Ex-Presidente Donald Trump condenado por 34 crimes no caso Stormy Daniels

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“Sou o candidato que está a liderar as sondagens [às eleições] e estou a ser impedido de fazer essa corrida por um homem que não consegue conjugar duas palavras na mesma frase”, atirou ainda, numa referência ao Presidente Joe Biden, que acusou de levar a cabo uma perseguição.

Donald Trump também acusou Biden de ser o responsável pela ordem de silêncio estabelecida com o intuito de o proibir de atacar figuras-chave no caso, como Michael Cohen, o seu ex-advogado que se tornou inimigo, ou Stormy Daniels. Esta foi, no entanto, estabelecida por ordem do juiz Juan Merchant, que presidiu ao seu julgamento. Trump descreveu-o como um “tirano” e o “juiz mais conflituoso” de sempre e acusou-o de estar juntamente com o tribunal em “concluiu” com a Casa Branca e o Departamento de Justiça norte-americano.

Juiz impõe ordem de silêncio a Donald Trump no julgamento em Nova Iorque

Trump alegou que queria ter testemunhado durante o julgamento, mas que foi aconselhado a evitá-lo. “A ideia é que não se deve testemunhar porque te apanham em algo que disseste ligeiramente errado e depois és julgado por perjúrio”, referiu. Descreveu ainda um tratamento injusto das testemunhas levadas pelos seus advogados. “Vocês viram o que aconteceu com algumas das testemunhas que estavam do nosso lado. Foram literalmente crucificadas por este homem [Juan Merchan] que parece um anjo, mas é realmente um demónio” atirou. O ex-Presidente também dirigiu críticas a Michael Cohen, o seu antigo advogado e a principal testemunha do caso, chamando-o de “desprezível”.

Durante a conferência de imprensa Trump ainda voltaria ao tema da imigração. “Estas são pessoas más. São, em muitos casos, acredito eu, pessoas doentes. Quando olhamos para o nosso país, para onde milhares de milhões de pessoas estão a fluir de todas as partes do mundo, não só da América do Sul, da África, da Ásia, do Médio Oriente. E estão a vir de prisões, estão a viver de instituições de saúde mental e asilos. Estão a vir de todo o mundo para o nosso país e temos um presidente e um grupo de fascistas que não querem fazer nada sobre isso”, afirmou. O ex-Presidente disse ainda que há alunos nas escolas que falam línguas “quase desconhecidas” — “não é como espanhol ou francês ou russo” — e que há “níveis recorde de terroristas” a vir para os EUA.

Como já era esperado, e os próprios advogados já tinham anunciado, Trump anunciou que vai recorrer da sentença proferida na quinta-feira por um júri composto por 12 pessoas. O discurso de cerca de meia hora, não acabaria sem que o ex-Presidente, que saiu sem responder às perguntas dos jornalistas se lançasse como um salvador dos EUA e descrevesse o dia das eleições como “o mais importante na história do país”. “Estou disposto a fazer o que for necessário para salvar o nosso país e salvar a nossa Constituição (…). Por isso vamos continuar a luta. Vamos voltar a fazer a América grande”, concluiu.

O caso marca a primeira vez que um ex-Presidente dos EUA é considerado culpado por um delito penal. A sentença será proferida no dia 11 de julho por um juiz do tribunal de Manhattan, apenas quatro dias antes da convenção do Partido Republicano que deverá apresentar Trump como candidato à Casa Branca.