O comentador da SIC, Luís Marques Mendes, avançou este domingo que o grupo político dos liberais europeus, o ALDE (Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa), fará o “congresso tradicional” em Portugal em outubro. “Tanto quanto eu sei nesse congresso, João Cotrim de Figueiredo vai ser vice-presidente da família liberal europeia”, adiantou, algo que já está “negociado”. “Um bom resultado da parte” do cabeça de lista da Iniciativa Liberal nestas eleições europeias “ajudará seguramente”, acrescentou o antigo líder do PSD.

No entender de Luís Marques Mendes, o candidato da IL está a fazer uma “excelente campanha”. Sobre os restantes cabeças de lista, o comentador considera que Sebastião Bugalho, da Aliança Democrática, está a “ser um bom candidato de rua” e Marta Temido, do PS, “está a mostrar a sua popularidade”. “Catarina Martins mostra afetividade e João Oliveira é um bom candidato”, prosseguiu.

Analisando a primeira semana da campanha, o comentador da SIC disse ser “normal” que se nacionalizem as eleições europeias com “temas nacionais”. “Os temas europeus não apaixonam”, justificou Luís Marques Mendes, num fenómeno que realçou não ser exclusivo de Portugal. “Por isso, os candidatos e líderes partidários introduzem temas nacionais, é uma forma de chamar a atenção”, aclarou, indicando que, como se trata de uma lista única a nível nacional, não existe voto útil. “Votam os fiéis de cada partido, o que significa que todos os argumentos são temas para mobilizar.”

Relativamente à presença constante dos líderes partidários nas campanhas, Luís Marques Mendes garante igualmente ser “normal”. No caso do PS, o comentador recordou que “estas são as primeiras eleições” em que é outorgada a Pedro Nuno Santos a “responsabilidade toda”, uma vez que, nas legislativas, “ainda a estava a partilhar com António Costa”. O que o antigo líder do PSD estranhou, ao longo desta semana, foi a ausência de Rui Tavares na campanha de Livre: “Não tem dado muito a cara”.

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No entender do ex-presidente social-democrata, o resultado destas eleições terão uma “leitura nacional”. No caso de a AD conseguir ganhar, “evidentemente” que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “sai reforçado, com mais fôlego e com melhores condições para poder aprovar o Orçamento do Estado no final do ano”. Se perder, a situação fica mais “pantanosa e evidentemente mais difícil”, mas Luís Marques Mendes descartou, por agora, o “derrube do governo”.

Pela parte dos socialistas, Luís Marques Mendes assinalou que, se vencerem as eleições, o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, sai “politicamente reforçado”. “Se ganhar fica reforçado, mas não quer dizer que chumbe o orçamento em novembro”, continuou o comentador, rejeitando igualmente que haja uma “mudança de liderança” no PS. “Quem ganhar fica fortalecido, quem perder fica um pouco enfraquecido”, resumiu.

Plano para a saúde é “ambicioso”, reconhece Marques Mendes

Sobre o facto de o Governo ter recorrido a uma consultora privada para ajudar a elaborar o plano para a saúde, Luís Marques Mendes classificou como um “não assunto”. “Eu acho que, mais importante se houve um consultor, é o plano em si”, destacou.

O comentador definiu o plano como “ambicioso”, principalmente a duração de três meses para a redução das listas de espera para doentes oncológicos. O plano, vincou Luís Marques Mendes, está “bem desenhado e bem estruturado”, mas existe uma “grande ambição”.

“O diabo está nos detalhes. Onde tudo falha é na execução”, avisou o ex-líder do PSD, aconselhando a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a “nomear um gestor e operacional do plano para monitorizar o plano”. Adicionalmente, Luís Marques Mendes recomendou que sejam divulgadas informações semanais sobre como está a correr o plano.

Visita de Zelensky foi “simbólica”

Noutro tema, a visita do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a Portugal, que ocorreu esta terça-feira, foi, segundo o ponto de vista de Luís Marques Mendes, “simbólica”: “Portugal não tem o peso político, económico ou financeiro da Suécia, da Alemanha ou de Espanha”. Ainda assim, o comentador sublinhou que Lisboa pode ter peso diplomático quer no que diz respeito à adesão de Kiev à NATO ou à União Europeia, quer no que concerne à proximidade com os países que falam português — que o Chefe de Estado ucraniano quer ver na cimeira de paz, na Suíça.

Para Luís Marques Mendes, esta visita a Portugal do Presidente da Ucrânia  — e o périplo que fez na Europa — é importante, porque “Volodymyr Zelensky precisa de palco mediático”. “Precisa da mediatização para ganhar força e conseguir os apoios para a Ucrânia“, apontou, acrescentando que a guerra no Médio Oriente “tirou palco” à causa ucraniana.

Para além disso, o comentador da SIC sinalizou que a Ucrânia “está a passar um mau momento em termos militares” e que Volodymyr Zelensky já “percebeu que há um risco” de o candidato republicano e ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, vencer as eleições presidenciais norte-americanas. “Se Trump for eleito, a torneira dos Estados Unidos à Ucrânia pode fechar. Quem pode compensar? A Europa.”

Notícia corrigida às 23h48: não era o grupo Renew, mas antes o ALDE