As autoridades sanitárias moçambicanas registaram mais de 270 novos casos de cólera nas últimas duas semanas, que provocaram mais um morto, indicam dados oficiais a que a Lusa teve esta quarta-feira acesso.

De acordo com o mais recente relatório sobre a progressão da doença, elaborado pelo Ministério da Saúde e com dados de 1 de outubro de 2023, início do atual surto, até 3 de junho, regista-se um acumulado de 16.285 infetados e 37 mortos, com uma taxa de letalidade que se mantém em 0,2%.

No relatório anterior, com dados até 16 de maio, estavam contabilizados 16.012 casos e 36 mortos.

Do total acumulativo atual, 5.610 casos foram reportados pela província de Nampula, com 15 mortos, foco da doença nas últimas semanas, seguindo-se 2.873 em Tete, com 10 mortos, e 2.431 em Cabo Delgado, com um morto.

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Atualmente há surtos ativos da doença em distritos de Nampula, Cabo Delgado, Sofala e em Maputo e à data de 3 de junho estavam internados em unidades sanitárias do país 17 doentes com cólera, praticamente metade face ao relatório anterior.

Por outro lado, pelo menos 121 pessoas morreram devido a ondas de desinformação sobre o surto de cólera em Moçambique, de acordo com os dados oficiais tornados públicos desde outubro.

A maior parte das vítimas, 98 pessoas, morreram numa só circunstância, quando, em 7 de abril, um barco que saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, província de Nampula, com destino a Ilha de Moçambique, naufragou, matando 55 crianças, 34 mulheres e nove homens.

De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca, na qual seguiam 130 pessoas, não estava autorizada a transportar passageiros e as pessoas fugiam de um alegado um surto de cólera, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou o posto administrativo de Lunga para confortar as famílias, tendo reconhecido que o naufrágio resulta “da desinformação protagonizada por pessoas com interesses obscuros”.

“Não permitam boatos”, declarou Nyusi, durante a interação com as famílias das vítimas.

Os registos apontam para a existência de mais 23 pessoas que desde outubro de 2023 morreram em resultado de ondas de desinformação em temas ligados à cólera, avançou o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, no dia 17 de janeiro.

Os líderes comunitários e técnicos de saúde, na sua maioria, têm sido mortos ou feridos por populares sob alegações de estarem a levar a doença às comunidades.