A Confederação do Turismo de Portugal e a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo insistem na necessidade de uma solução a curto e médio prazo que aumente a capacidade aeroportuária em Lisboa até existir infraestrutura em Alcochete.

Questionados pela Lusa sobre a análise que fazem à decisão já tomada sobre a solução para o novo aeroporto de Lisboa, pela qual ansiavam, ambos os presidentes das entidades saudaram a decisão, bem como o apoio que ela teve pelo PS, mas lembram que nada está feito.

O que é que temos que saudar? A decisão. Finalmente, ao fim de 50 anos, há um Governo que diz que vai ser Alcochete. Aliás, como o governo anterior também defendia, e como foi o parecer da Comissão Técnica Independente [CTI]. Estou convencido que esta decisão não vai ser alterada. O aeroporto será uma realidade em Alcochete”, começou por dizer o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros.

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Mas, diz-se o responsável “um pessimista” e tendo a escolha recaído numa infraestrutura não existente — Alcochete é um campo de tiro — acha que a obra irá demorar a concretizar-se.

“Para fazer tudo (um aeroporto de raiz), os alemães — para falar do rigor alemão — demoraram mais de 16 anos a fazer (o aeroporto de) Berlim. Portanto, não acredito que Alcochete esteja pronto antes no mínimo nessa data. Logo, aquilo que a CTP coloca como questão é: e até lá? O que a CTI disse é que iria haver soluções de curto, médio e longo prazo. Perguntei no dia da apresentação do concurso onde é que está essa solução e até agora não me responderam”, reafirmou.

Francisco Calheiros admite que se obras no aeroporto da Portela avançarem, “nada contra”, mas questiona com o facto de a CTI ter dito que essas obras “não davam aumento de capacidade”.

“Agora dizem que sim. Que com o novo sistema da NAV, que com as alterações que se vão fazer (…) vamos ter mais capacidade. Espero que sim, porque há uma coisa que essa é mesmo real: recusámos mais de um milhão de turistas no ano passado e este irá ser igual. Estamos à espera de saber qual é que é a alternativa que o Governo vai pôr a esses ‘n’ anos que vai demorar a construir Alcochete”, lamentou.

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Opiniões semelhantes tem o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, que, embora satisfeito pela decisão, lembra que já participou no lançamento da primeira pedra do aeroporto do Montijo.

“Quem foi à inauguração do aeroporto do Montijo é sempre muito cético relativamente a obras desta envergadura, eu diria que gostava que acontecesse. Acho que está longe de todos podermos acreditar que vai acontecer”, disse à Lusa Pedro Costa Ferreira.

O responsável afirmou, no entanto, que “o Governo fez o que tinha a fazer, que foi tomar uma decisão”, saudando “o apoio do PS” a essa decisão. Mas, “estando tudo decidido, está ainda tudo muito longe de realizado”, reforçou.

“Sabemos que há ainda um processo grande para levar por diante. Sabemos que haverá, certamente, muitas lutas, aliás, já anunciadas com as associações ecologistas e, portanto, é uma decisão que está tomada, mas não é um aeroporto que está feito. Por essa razão e por antever que este processo se desenrolaria desta maneira que sempre apoiámos, ou sempre tivemos a mesma posição da Confederação, que seria necessário uma solução de médio prazo que era o Montijo e é uma pena não estar a ser desenvolvida”, disse Pedro Costa Ferreira.

Não sendo assim, este responsável diz considerar “cada vez mais importante” o desenvolvimento das obras em Lisboa, que “sejam rápidas e que tenham bons resultados do ponto de vista da capacidade de resposta do aeroporto” que está muito limitada.

O Governo aprovou em 14 de maio a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI).

“O Governo decidiu aprovar o desenvolvimento do novo aeroporto de Lisboa com vista à substituição integral do Aeroporto Humberto Delgado no Campo de Tiro de Alcochete e atribuir-lhe a denominação de Aeroporto Luís de Camões”, anunciou Luís Montenegro nesse dia.

A CTI publicou no dia 11 de março o relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto, mantendo a recomendação de uma solução única em Alcochete, a mais vantajosa, ou Vendas Novas.