Antes falou Bernardo Silva, que iria fazer a estreia nestes encontros de preparação antes do Europeu e ao mesmo tempo realizar o primeiro encontro da carreira no Jamor, depois falou Bruno Fernandes, jogador que contribuiu para mais de 35% dos golos de Portugal desde que Roberto Martínez assumiu o comando técnico da Seleção. Ponto comum? Eles, a par de Rúben Dias, são uma espécie de segunda vaga de liderança que se segue aos mais do que experimentados Ronaldo e Pepe. Diferença? Se o esquerdino do City ia projetando um bom teste para mostrar o momento da equipa, o médio do United analisou mais uma derrota do conjunto nacional frente à Croácia depois do deslize na Eslovénia. E foi com ironia à mistura que reagiu às críticas.

“Quando falamos da Croácia, falamos de uma seleção muito experientes, que tem estado nas fases finais, que foi finalista do Mundial-2018… É uma seleção com jogadores de grande nome que causa dificuldades, tem muita mobilidade e qualidade. Acabámos por sofrer de penálti e outro de lançamento em que nos faltou ler o perigo. Sabíamos que havia aspetos a melhorar, ninguém pense que achávamos que já estava. Gosto deste negativismo de que a Seleção não é tão boa… As pessoas esperam muito de nós e temos qualidade para fazer mais e melhor, temos oportunidade amanhã [terça-feira] para fazê-lo e mostrar que estamos muito bem preparados para o Euro”, apontou o internacional a propósito das dúvidas criadas pelo desaire.

“O povo é muito apaixonado pelo que faz, revejo-me muito nisso. Temos uma garra e paixão enormes para nas adversidades voltar a dar uma resposta ainda mais forte. Nós queríamos ganhar todos os jogos. Temos mais um jogo para ganhar, dar outra motivação, alegria, queremos começar da melhor maneira”, elogiou na antecâmara da partida com a Rep. Irlanda em Aveiro, assumindo erros numa ótica coletiva.

“Golos sofridos? Preocupa se não conseguirmos marcar mais do que sofrer. Cada vez mais se fala nas balizas a zero mas não se trata dos nosso guarda-redes ou defesas. Trata-se de um conjunto de jogadores que têm de ser mais coesos de trás para a frente e vice-versa. Quando sofremos golo sofremos todos, quando marcamos marcamos todos. Há momentos em que temos de dar mérito aos adversários, houve momentos em que não cheirámos o perigo e sofremos o golo. Com o tempo vamos melhorar”, salientou.

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Bruno Fernandes falou também do peso que tem vindo a conseguir consolidar na Seleção, ao mesmo tempo que comentou a análise de José Mourinho sobre Portugal que colocava a formação nacional entre favoritos até com a segunda equipa. “Responsabilidade de marcar? Todos queremos marcar golos, sei que uma das minhas qualidades passa por aí. Gostaria de marcar em todos os jogos, sempre que marco temos ganhado e espero que marque em todos que era bom sinal. Mourinho? Não diria uma segunda Seleção porque considero uma equipa só, todos temos capacidade para o onze. Todos têm uma qualidade excecional, as individualidades fazem um coletivo mais forte. Somos todos favoritos no papel, quero olhar para Portugal e pensar que temos capacidades e competências para chegar o mais longe possível”, referiu.

Também Roberto Martínez voltou a colocar o foco da importância do teste com a Croácia acima daquilo que foi o resultado, abordando também a questão das dúvidas que os recentes golos sofridos criaram e ainda o papel de Cristiano Ronaldo na equipa, na antecâmara da provável estreia do capitão pela Seleção nesta concentração para preparar a fase final do Europeu contra Rep. Checa (dia 18), Turquia (22) e Geórgia (26).

“Hoje somos uma Seleção mais preparada do que antes da Croácia. É importante termo-nos apurado. Agora temos três jogos, precisamos de mostrar o que podemos fazer mas para isso precisamos de nos apurarmos. O jogo da Croácia foi fantástico para exigir muito de nós, de uma forma tática e técnica. A Croácia joga como um clube, não há muitas seleções assim. Jogadores com muita experiência, com melhor sincronização do que nos clubes. Não é um caso normal no futebol internacional. É um adversário com o qual podemos melhorar. O jogo foi perfeito desde o ponto de vista de preparação”, reforçou o treinador espanhol.

“É importante para nós atacar e defender com onze. O Cristiano tem uma experiência brutal, não há outro com esta experiência. É um jogador que sabe muito bem utilizar o espaço na área e é um finalizador especial. O foco e a atenção à perda a posições defensivas foram perfeitas nos jogos que jogámos. Para mim não há dúvidas. Amanhã temos o Rúben [Neves] e o Pepe, é um jogo perfeito para dar minutos. Não sei se a titulares, mas vão ter minutos. Faz parte da preparação. Se está preparado para defender… O que acontece com torneios destes, precisamos de avaliar todos os dias. Todos os jogos são diferentes. O Cristiano teve 51 jogos na época. Não teve problemas mas  os dados a nível de clube não são iguais aos das seleções. Mostrou que pode jogar a cada quatro dias, acho que não há problemas. Mas avaliaremos isso no torneio”, frisou.

“Os problemas defensivos estão identificados. É muito fácil, olhar para trás é muito fácil no futebol. O importante é ter uma intensidade defensiva, ter calma, para ter bons gestos técnicos. Agora é importante olhar para trás e ver os golos sofridos com a Finlândia, precisamos de melhorar. Demos dois remates e sofremos dois golos. Faz parte do processo. Todos os golos são diferentes. Não há uma relação de uma linha defensiva, posição ou jogadores, é um foco de estar com bola, de querer marcar golos. E precisamos de ter um foco defensivo também. Podemos demonstrar que estamos a melhorar isso”, concluiu Martínez.