Nada acontece por acaso. Primeiro foram as dúvidas em torno da capacidade de manter em marcha as obras na Academia do FC Porto na Maia, depois as notícias de que um dos pagamentos teria sido feito através de um cheque sem cobertura, agora um comunicado da SAD dos azuis e brancos a admitir as dificuldades que o projeto está a levantar. Contas feitas, o resumo é fácil: está prestes a morrer aquilo que na verdade nunca chegou mesmo a nascer. E é a própria administração portista que assume esse provável epílogo.

“Durante a campanha eleitoral o agora presidente do FC Porto, André Villas-Boas, manifestou a sua preocupação com a forma – precipitada e pouco ponderada – como a anterior Administração tinha decidido avançar para o projeto de uma academia de formação e treino de atletas na cidade da Maia. Não obstante, deixou o agora presidente a garantia de que, uma vez eleito, iria, juntamente com a sua equipa, analisar cuidadosamente o projeto, nomeadamente em termos de utilidade, timings de conclusão de obra e custo”, começou por anunciar a FC Porto SAD sobre uma obra que, na última semana antes das eleições, teve o ex-líder Pinto da Costa a apresentar aos jornalistas os avanços que as máquinas faziam no terreno.

“Após a entrada em funções no dia 28 de maio, a nova Administração procedeu à referida análise dos vários elementos do projeto da Maia, incluindo do estado do procedimento de hasta pública para a aquisição dos terrenos (o que envolveu prévias reuniões com o presidente do município, bem como com o gabinete de arquitetura responsável pelo projeto). As preocupações manifestadas pela nova Administração quanto à forma como se decidiu avançar para o projeto da Maia, nomeadamente sem aparente consideração adequada sobre a capacidade financeira do clube para, nesta fase, completar os diversos passos subjacentes ao projeto, incluindo a aquisição dos terrenos em causa, bem como a tramitação aparentemente acelerada do procedimento, vieram a revelar-se inteiramente fundadas”, prosseguiu o mesmo comunicado.

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“Com efeito, para além de se ter verificado que, surpreendentemente, não existia qualquer plano concreto de viabilidade financeira para a construção do centro de treinos na Maia, veio também a verificar-se que a anterior Administração da SAD do FC Porto havia já falhado o pagamento da segunda prestação relativa ao procedimento de hasta pública para a aquisição dos terrenos ao Município da Maia. No dia de hoje, a atual Administração confirmou à Câmara Municipal da Maia que, efetivamente, o clube não teria nesta fase possibilidades financeiras de dar continuidade ao processo tendente à aquisição dos terrenos em causa”, advogou, não “riscando” de vez a obra mas deixando a porta entreaberta a esse cenário “radical”.

“A FC Porto SAD continuará agora a trabalhar afincadamente no sentido de analisar e explorar as alternativas disponíveis que permitam ao FC Porto, dentro dos constrangimentos que tem e sem hipotecar o seu futuro, vir a estar dotado das infraestruturas de que necessita para entrar na modernidade e continuar a ser uma referência a nível mundial”, concluiu o texto publica no site oficial dos azuis e brancos.

Em atualização