A União Europeia (UE) vai dar prioridade nos próximos cinco anos à melhoria da segurança económica e à redução da dependência de terceiros em “setores sensíveis”, como o espaço, farmacêutica, química, biotecnologia ou inteligência artificial.

A agenda estratégica 2024—2029, aprovada na madrugada desta sexta-feira pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 países-membros da UE, consagra o reforço da competitividade e da autonomia europeias como prioridades depois da pandemia e do início da guerra na Ucrânia.

Ambas as crises evidenciaram os riscos da dependência do bloco europeu para obter abastecimentos essenciais — desde máscaras a semicondutores e gás natural — num contexto de tensões geopolíticas e de aumento do protecionismo, levando-o a optar por políticas de promoção da produção local e da diversificação.

Fortaleceremos a nossa segurança económica, reduziremos as dependências prejudiciais e diversificaremos e protegeremos as nossas cadeias de abastecimento estratégicas, nomeadamente através do reforço da nossa segurança marítima”, refere o documento, que apela também ao aumento da “capacidade própria em setores sensíveis e tecnologias-chave para o futuro”.

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Os líderes citam o espaço, a inteligência artificial, a tecnologia quântica, as telecomunicações 5G e 6G, os semicondutores, as tecnologias de emissão zero, a mobilidade, os cuidados de saúde, os produtos farmacêuticos, os produtos químicos e materiais avançados como áreas prioritárias para os próximos cinco anos.

De acordo com um relatório publicado pela Comissão Europeia em 2021, a UE tem uma “elevada dependência” de países terceiros para o fornecimento de 137 produtos em setores sensíveis (equivalente a 6% do valor das suas importações), especialmente da China, origem de mais de metade destes produtos, seguido do Vietname (11%) e do Brasil (5%).

Sete em cada dez destes produtos são utilizados em setores com elevado consumo de energia, como matérias-primas ou produtos químicos, embora existam também grandes dependências na saúde e em bens relevantes para a transição ecológica e digital, como o hidrogénio ou os chips.

A UE, por exemplo, produz apenas 1% das matérias-primas necessárias para baterias de lítio, turbinas eólicas ou motores para veículos elétricos.

O bloco europeu obtém 98% das suas terras raras e 93% do seu magnésio da China, 98% do borato da Turquia e 78% do lítio do Chile, todos essenciais para quase todas as tecnologias avançadas.

Os países da UE fabricam 24% dos princípios farmacêuticos ativos mundiais, em comparação com os 66% representados pela Índia e pela China em conjunto, e 45% das importações europeias vêm do mercado chinês.