O ministro da Defesa moçambicano admitiu esta quinta-feira que os terroristas continuam a criar “um sentimento de insegurança e instabilidade” em algumas zonas de Cabo Delgado, apesar dos “progressos significativos” na luta contra o “extremismo violento”.

“A situação atual de segurança denota que, apesar dos progressos alcançados no combate ao terrorismo, há movimentações e ataques esporádicos dos terroristas, que criam sentimento de insegurança e instabilidade no seio da população”, afirmou Cristóvão Chume.

Chume falava durante o ato solene do fim da Missão Militar da África Austral (SAMIM, na sigla em inglês), destacada no combate à insurgência na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

“As nossas ações conjugadas têm gerado enormes derrotas dos terroristas, incluindo inúmeras baixas”, declarou.

As operações conjuntas entre as forças governamentais de Moçambique, do Ruanda e da SAMIM resultaram na destruição de bases dos rebeldes, regresso da população às zonas de origem e reabertura de instituições públicas e privadas nos distritos assolados pela violência armada em Cabo Delgado, avançou o ministro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Estamos a envidar esforços para o fortalecimento das capacidades das Forças de Defesa e Segurança no combate ao terrorismo e na defesa da soberania e estamos igualmente a implementar o plano de reconstrução de Cabo Delgado de 2021-2024, que assenta na assistência humanitária, recuperação de infraestruturas e de atividades sociais e económicas”, enfatizou.

Chume assinalou que o destacamento da SAMIM “robusteceu” a resposta aos ataques terroristas em Cabo Delgado e mostrou a capacidade da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de conter as ameaças à segurança e paz na região.

Por outro lado, prosseguiu, a missão foi a demonstração do espírito de solidariedade e irmandade entre os países membros da comunidade.

Por seu turno, Mpho Molomo, chefe da SAMIM, saudou a disponibilidade dos países da SADC no apoio a Moçambique no combate ao terrorismo, enfatizando o resultado na contenção do alastramento da insegurança e instabilidade na África Austral.

“O destacamento da SAMIM está em linha com o Protocolo da SADC sobre Cooperação na área da Política, Defesa e Segurança, no quadro do Pacto de Defesa Mútua”, frisou Molomo, do Botsuana.

A SAMIM está em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em agosto de 2023, a SADC aprovou o prolongamento por mais 12 meses, até julho deste ano, prevendo um plano de retirada progressiva.

A missão compreendeu tropas de oito países da SADC “trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado”.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Ataques em Cabo Delgado: sede distrital de Macomia sob ataque de rebeldes

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com “praticamente todas” as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, que se limitam agora a “andar no mato”.