O ainda primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, foi eleito presidente do partido Renascença na Assembleia Nacional, com 84 votos dos 98 deputados inscritos na votação interna que registou ainda sete votos em branco e sete abstenções. O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, e a ex-primeira-ministra Élisabeth Borne, chegaram a ser dados como possíveis candidatos, mas decidiram não avançar.

Na mensagem dirigida aos deputados após a confirmação de que era candidato ao cargo, o primeiro-ministro francês demissionário garantiu que o partido presidencial rejeitará “qualquer governo” que inclua extrema-direita ou esquerda radical, para “proteger os franceses dos extremos”.

“Quero que o nosso grupo construa uma visão e assuma a sua identidade e os seus valores: a rejeição dos extremos e o compromisso firme de proteger o povo francês de qualquer governo que inclua ministros da União Nacional (RN) ou da França Insubmissa (LFI)”, disse Gabriel Attal.

“Determinaremos um método claro de trabalho com os outros grupos que provêm da nossa corrente de ideias, bem como a procura de áreas de convergência com a esquerda e a direita republicanas”, afirmou o recém-eleito deputado na sua mensagem, transmitida pela emissora pública France Info.

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, também deu a entender esta ideia numa carta ao público na quarta-feira, na qual declarou que não nomearia um novo primeiro-ministro enquanto os partidos não formassem uma maioria sólida que garantisse a governabilidade, apelando à criação de uma coligação baseada na ideia de uma “frente republicana”, que excluiria tanto o RN de Marine Le Pen como o LFI de Jean-Luc Mélenchon.

Entretanto, a coligação de esquerda Nova Frente Popular – que inclui o LFI, bem como os socialistas, os ecologistas e os comunistas – continua em negociações internas para nomear um candidato consensual ao cargo de primeiro-ministro, cujo nome poderá não ser conhecido até ao final da semana, de acordo com as últimas informações.

De acordo com a imprensa francesa, o LFI propôs até agora quatro opções para primeiro-ministro: o fundador do partido e divisor de opiniões, Jean-Luc Mélenchon; o atual coordenador nacional, Manuel Bompard; a deputada principal, Mathilde Panot; e a número dois na Assembleia, Clémence Guetté.

Também o Partido Socialista, que reafirmou a intenção de manter toda a esquerda como uma frente unida, pretende ocupar o cargo no palácio Matignon, residência oficial do primeiro-ministro, com nomes como o seu primeiro secretário, Olivier Faure.

Para além disso, foi confirmada a intenção de vários deputados dissidentes de formarem o seu próprio grupo no seio da Nova Frente Popular, separado de Jean-Luc Mélenchon, que se chamaria “L’Après” e ao qual apelaram, entre outros, aos ecologistas para se juntarem, a fim de contrabalançar as diferentes famílias da coligação de esquerda, em que a LFI tem mais lugares.

A Nova Frente Popular, que com os seus 195 lugares no Parlamento é a força principal (embora muito longe de uma maioria absoluta de 289 deputados eleitos), exige que o Presidente francês os chame para governar, acusando-o de querer ignorar os resultados das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 07 de julho.