No primeiro comício após a tentativa de assassinato de que foi alvo, há exatamente uma semana, e a envergar um penso na orelha mais discreto do que aquele que tinha utilizado ao longo dos últimos dias, Donald Trump disse que levou um “tiro pela democracia” e agradeceu aos norte-americanos pela “extraordinária manifestação de amor e apoio”.

Ao longo do discurso, que durou mais de uma hora, no comício no Michigan, estado onde há quatro anos perdeu para Joe Biden, o candidato dos republicanos às presidenciais de novembro afirmou só ter sobrevivido “graças a Deus“. “Talvez o JD [Vance] ou outra pessoa estivesse aqui, mas eu não deveria estar aqui agora”, salientou, antes de prometer fazer “mais e melhor” do que no passado.

De seguida, Trump alertou que as eleições presidenciais serão as “mais importantes da História” dos EUA e garantiu que os republicamos vão “lutar, lutar, lutar”. “E vamos ganhar, ganhar, ganhar”, continuou, antes de atirar que os democratas “não fazem ideia de quem é o seu candidato”. “Nós também não. É um problema”, ironizou Trum, referindo-se à crescente pressão para que Biden desista da corrida à Casa Branca.

Donald Trump fez diversas referências ao atual líder norte-americano, nomeadamente à sua idade e alegada “falta de memória”, tendo chegado a desafiar os apoiantes a improvisarem uma sondagem sobre quem preferiam ter pela frente, se Biden, se Kamala Harris. Além de pronunciar deliberadamente mal o nome da vice-Presidente do Estados Unidos, Trump referiu-se ao adversário como “Crooked Joe“. O antigo Presidente dos EUA disse que, se for novamente eleito, vai reverter “todos os desastres da [administração] Biden-Harris”.

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Trump acusou ainda os democratas de serem “os inimigos da democracia” e voltou a sugerir que houve fraude eleitoral nas últimas eleições. Por oposição, apresentou o Partido Republicano como o “partido do povo e dos americanos que trabalham arduamente”. “Eles [os democratas] continuam a dizer que sou uma ameaça à democracia. Que raio fiz eu pela democracia? Na semana passada fui alvejado pela democracia”, afirmou.

O antigo Presidente dos Estados Unidos prometeu acabar com o “pesadelo da inflação”, exagerando e mentindo sobre o nível da inflação, e acabar com o “crime dos migrantes“, prometendo levar a cabo uma operação de deportação maciça. Além disso, Trump garantiu que iria cortar os impostos e baixar “muito rapidamente” os preços da energia.

Ao mesmo tempo, Donald Trump elogiou figuras como o Presidente Xi Jinping, um “homem brilhante, que controla 1.4 mil milhões de pessoas com punho de ferro” e que faz Biden parecer um “bebé”, e Putin, um homem “inteligente e duro”.

O republicano voltou a afastar-se do “Projeto 2025“, um programa governamental desenvolvido por grupos ultraconservadores caso o republicano regresse à Casa Branca, classificando a estratégia como sendo de “direita radical” e demasiado extremista.

O Projeto 2025, promovido pela Heritage Foundation, um ‘think tank’ de extrema-direita, propõe um roteiro para uma mudança radical na Administração norte-americana se Trump vencer as eleições de 5 de novembro.

Muito aplaudido durante o discurso, principalmente quando deu como certo um regresso à Casa Branca e quando agradeceu (durante largos minutos) o apoio de Elon Musk, Trump afirmou que os Estados Unidos “voltarão a ter o respeito que merecem”. “Os inimigos dos EUA vão temer-nos.”