Mariana Vieira da Silva é um dos nomes que os socialistas apontam para se candidatar a Câmara de Lisboa daqui a um ano e a própria não descarta entrar na corrida autárquica. Em declarações ao Observador, a antiga ministra deixa um muito aberto “vamos ver” quando confrontada com uma eventual candidatura às autárquicas. De resto, não é a única antiga governante de António Costa a ponderar essa frente. Ana Abrunhosa, Manuel Pizarro e José Luís Carneiro estão todos no Parlamento, mas sem tirar os olhos desse plano.

O terreno autárquico vai começar a ser preparado no PS logo a seguir ao Verão, assim que estiverem encerradas as eleições nas federações do partido e ficar fechado esse ciclo eleitoral interno. A partir daí as estruturas estarão preparadas para fazer as escolhas, com especial foco para os quase 60 municípios onde o PS domina mas em que os autarcas em funções estão em fim de ciclo. Além destas seis dezenas de câmaras, existe ainda o Porto, em que o independente Rui Moreira está de saída, e Lisboa, onde o trauma de 2021 e a derrota para Carlos Moedas ainda está por ultrapassar.

Mariana Vieira da Silva é muito próxima de Fernando Medina e a figura que nos últimos oito anos esteve sempre no núcleo duro de António Costa, tendo sido secretária de Estado Adjunta e depois ministra da Presidência. A sua relação com Pedro Nuno Santos sempre foi próxima, desde os tempos da geringonça, tanto que nas últimas legislativas o atual líder a escolheu para cabeça de lista do partido precisamente pelo círculo de Lisboa. Foi uma oportunidade para a socialista correr o terreno e medir o reconhecimento público — no barómetro socialista o ponteiro deu sinal positivo.

Não é, no entanto, o único nome falado para uma candidatura. Mas a disponibilidade assumida — quando a discrição tem sido sempre o seu nome do meio — revela que Mariana Vieira da Silva pode estar próxima do caminho autárquico. Sendo certo que há uma condição de peso que é colher simpatia à esquerda, tendo em conta a vontade já manifestada pelo próprio líder do partido de avançar numa frente por essa via.

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Ainda há uma semana, depois de um encontro com o Livre, Pedro Nuno Santos assumiu essa vontade de construir um projeto à esquerda para recuperar a capital. “Ficou claro para os dois partidos que há disponibilidade dos dois lados para continuar a conversar e provavelmente, ou porventura, encontrar soluções de trabalho em conjunto, nomeadamente para as eleições autárquicas, desde logo em Lisboa.”

No caso do Porto, o PS não quer desperdiçar a oportunidade da saída de Rui Moreira (por limitação de mandatos) para tentar conquistar a autarquia que não lidera há mais de 20 anos (desde 2002). E os interessados existem, a começar por José Luís Carneiro, que já sinalizou isso mesmo à direção do partido — tal como o Observador noticiou –, mas volta a ter a acotovelar-se na mesma pista outro nome relevante, o de Manuel Pizarro.

Questionado pelo Observador sobre a vida pós-Governo,  Pizarro declarou-se “deputado, médico e político”. E autarca? “Pode acontecer. Depende sobretudo do povo do Porto. Eu sou português, mas sou portuense”, assinalou ao Observador o socialista, que já foi candidato em 2013 e 2017. Entre os dois socialistas existe uma rivalidade antiga que tem dificultado escolhas locais nas autárquicas mais recentes. Nada garante que não volte a acontecer em 2025.

Em Coimbra, o PS também avança numa tentativa de reconquista do município que já liderou durante duas décadas e é a própria Ana Abrunhosa, ex-ministra da Coesão e agora deputada, que diz ao Observador que está a ser pressionada para se candidatar. Nas últimas legislativas foi cabeça de lista pelo distrito e agora assume: “Tenho o desafio que a direção do partido vê com bons olhos. Estou em profunda reflexão. Mas a saborear esta fase da vida. Ainda é muito cedo. Quando tomar a decisão sei que já não paro”, afirmou, atirando o assunto para outubro deste ano.

A conta de ex-governantes com o desafio autárquico na cabeça não se fecha por aqui e outros nomes, como o de Ana Mendes Godinho (ex-ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social), têm circulado nos últimos meses e apontado a Sintra. É um dos muitos concelhos onde o PS tem um autarca em limitação de mandatos e onde precisa de um nome forte para manter na sua mão um concelho onde nos últimos 30 anos governou mais de vinte. Depois do Verão, as peças vão começar obrigatoriamente a mexer.

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