O mediador norte-americano Amos Hochstein iniciou esta quarta-feira em Beirute uma série de reuniões com as autoridades libanesas para tentar conter o clima de tensão entre o movimento xiita Hezbollah e Israel.

Hochstein chegou à residência do presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, também líder da formação xiita Amal, um dos principais aliados do Hezbollah, para participar na primeira reunião oficial do dia, após a qual deverá fazer declarações à imprensa.

Os receios de um conflito aberto no Líbano voltaram a aumentar há duas semanas, depois de ataques atribuídos a Israel terem matado o comandante máximo do Hezbollah, Fuad Shukr, em Beirute, e o líder político do movimento islamita palestiniano Hamas Ismail Haniyeh em Teerão.

O conselheiro norte-americano, que mediou o acordo histórico que permitiu ao Líbano e a Israel demarcarem as suas fronteiras marítimas em 2022, deslocou-se várias vezes à capital libanesa desde o início do fogo cruzado entre o Hezbollah e o Estado judaico, em outubro passado.

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A última destas deslocações, em meados de junho, coincidiu também com a intensificação dos confrontos na fronteira entre as forças israelitas e o Hezbollah, poucos dias depois de um atentado bombista ter matado um alto comandante xiita no sul do Líbano.

Nessa viagem, Hochstein afirmou que “um cessar-fogo em Gaza ou uma solução diplomática alternativa poderia também pôr fim ao conflito na Linha Azul”.

A chamada Linha Azul é a linha de demarcação estabelecida pela ONU entre Israel e o Líbano em junho de 2000.

Israel e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado transfronteiriço desde 8 de outubro de 2023, um dia depois do início da guerra em Gaza, nos piores confrontos entre as duas partes desde 2006.

O Hezbollah integra o chamado “Eixo da Resistência”, uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes Huthis do Iémen.

A visita desta quarta-feira do mediador norte-americano ocorre na véspera de uma reunião prevista para Doha ou para o Cairo, na qual os Estados Unidos da América (EUA), o Qatar e o Egito pretendem forçar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, o que poderia também travar a frente libanesa.

O Hamas já afirmou que não vai participar nas negociações de cessar-fogo, exigindo um “compromisso claro” do Governo de Israel, que terá acrescentado novas exigências para um acordo de tréguas.