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O Juntos Pelo Povo (JPP), terceira força política na Madeira, requereu à Assembleia Legislativa a audição urgente do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, sobre a resposta ao incêndio que lavra na região há sete dias, foi esta terça-feira anunciado.

O JPP quer ouvir também explicações do secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, e já entregou o pedido no parlamento regional, alertou esta terça-feira o secretário-geral do partido, Élvio Sousa, durante uma visita à Serra de Água (concelho da Ribeira Brava) e às populações do Curral de Cima (Câmara de Lobos), destacando que o partido entregou na segunda-feira um requerimento nesse sentido.

Élvio Sousa defendeu, num comunicado, que “Miguel Albuquerque e Pedro Ramos têm de ser responsabilizados” do ponto de vista político e também “pelo elevado grau de negligência, pelo desnorte patenteado e pela ausência de decisões atempadas, que colocaram em sério risco a vida de populações e animais”, além da destruição de casas e de sete mil hectares de património florestal.

O JPP salientou que Miguel Albuquerque (PSD) “regressou às suas férias no areal do Porto Santo enquanto a Madeira ainda ardia, num ato de grande irresponsabilidade e insensibilidade perante a dor das vítimas dos incêndios”.

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O partido da oposição espera que “IL, Chega, PAN e CDS-PP, que “viabilizaram o Programa de Governo do PSD, não bloqueiem o caminho da fiscalização e da verdade”.

Também em comunicado, o PAN/Madeira mostrou-se esta terça-feira preocupado com a área ardida na ilha da Madeira, que será superior a sete mil hectares, considerando que a destruição causada “é devastadora, tanto para o ambiente como para as comunidades locais”.

O partido considerou que, no final, terá de ser feita uma avaliação das causas do fogo e do combate que se seguiu e “um debate sério sobre a urgência da prevenção”, nomeadamente sobre o planeamento florestal, o investimento na preservação, a “proibição de queimadas e de foguetes e uma maior responsabilização da população enquanto agentes também de proteção civil”.

Apelamos ainda a um plano de recuperação das áreas ardidas com medidas de contingência a pensar no inverno, atendendo à instabilidade dos solos”, realçou.

O líder do Chega/Madeira, Miguel Castro, que também visitou a Serra de Água no domingo, exigiu que os responsáveis regionais de proteção civil e do Instituto da Conservação das Florestas e da Natureza (ICFN) tirem “ilações políticas”.

Se as serras ardem, não há um plano de gestão florestal, um plano de limpeza da mata, quem tem essa responsabilidade a nível regional tem de ter a suas consequências. Tem que haver consequências para essa gente. Não é agora, no cenário do incêndio, que as pessoas vão tirar essas ilações, mas, logo que termine, essas pessoas têm de ter a coragem política de tirar as suas próprias ilações e porem o seu lugar à disposição”, afirmou, em declarações à RTP.

O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.

Nestes sete dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.

A oposição tem criticado o que considera ser uma demora na aceitação, por parte do arquipélago, da ajuda disponibilizada pelo Estado para o combate às chamas — na sexta-feira à noite o executivo madeirense recusou um reforço proveniente do continente e no sábado reiterou a posição, mas recuou no mesmo dia.

Miguel Albuquerque e Pedro Ramos encontravam-se de férias na vizinha ilha do Porto Santo quando o incêndio começou. Albuquerque interrompeu as férias na noite de sábado, para onde regressou no domingo. Pedro Ramos chegou à ilha da Madeira no sábado de manhã e está no terreno a acompanhar a situação.

Está previsto que o chefe do executivo esteja na maior ilha novamente na quarta-feira, nas celebrações do Dia do Funchal.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais. Uma bombeira recebeu assistência hospitalar por exaustão, não havendo mais feridos.

Projeções do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, citadas pelo Governo Regional, apontam para sete mil hectares ardidos.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas, mas Albuquerque diz tratar-se de fogo posto.