O primeiro-ministro demissionário francês, Gabriel Attal, defendeu esta sexta-feira que a coligação partidária apoiante do presidente Emmanuel Macron irá avançar com uma moção de censura imediata se o novo governo incluir ministros do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI).

Após a reunião no Eliseu com o presidente Macron e com os representantes da sua plataforma partidária, Juntos Pela República (Ensemble pour la République, em francês), Gabriel Attal não prestou quaisquer declarações à imprensa, mas enviou uma mensagem aos deputados do seu grupo, de acordo com o jornal francês Le Monde.

O ainda primeiro-ministro afirmou que deixou claro a Emmanuel Macron que o seu grupo adotaria “uma moção de censura imediata no caso de um governo que incluísse ministros do LFI”, partido da Nova Frente Popular (NFP), e que “todos os outros grupos do bloco central adotaram a mesma posição”.

Gabriel Attal defendeu ainda a nomeação de um sucessor “que não pertença aos partidos do bloco central, com um governo que represente um amplo espetro de sensibilidades, da esquerda à direita republicana”.

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O primeiro-ministro demissionário afirmou que o desejo do chefe de Estado francês “é encontrar uma solução institucionalmente estável, capaz de evitar uma nova dissolução” na ausência de uma maioria absoluta de qualquer formação partidária.

Por essa razão, Attal defendeu na reunião com o presidente uma “mudança completa de cultura política”.

“Foi nesta perspetiva que propusemos um “pacto de ação para os franceses”, o esboço de um programa “que vai ao encontro das outras forças políticas”, afirmou.

Apesar de se ter demitido em julho, Gabriel Attal continua no cargo a gerir os assuntos correntes, tendo inclusive avançado com um projeto de orçamento para 2025, já que o prazo para aprovação termina em outubro.

Durante a reunião, o presidente francês terá dito aos representantes do seu partido que os resultados das eleições legislativas enviaram uma “mensagem de alternância” ao campo presidencial, mas “não são uma renegação completa” do macronismo, segundo disseram à agência noticiosa AFP alguns participantes sob anonimato.

O chefe de Estado francês explicou que procura “uma solução institucionalmente estável”, com o objetivo de formar “um governo estável e seguro”, segundo as mesmas fontes.

Após esta reunião, Macron reuniu-se com os representantes do partido de direita conservadora Republicanos, entre eles o presidente do grupo Laurent Wauquiez, que afirmou que também os seus deputados “votariam imediatamente uma moção de censura” contra um governo que incluísse ministros do LFI.

Laurent Wauquiez afirmou à imprensa presente no Eliseu que o partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon é “perigoso para a República”.

“Não temos intenção de ser opositores sistemáticos, porque o país precisa de continuar a avançar”, mas “não participaremos em nenhuma coligação governamental”, acrescentou.

Durante a manhã desta sexta-feira, Macron recebeu os representantes da coligação NFP, vencedora das eleições legislativas sem maioria absoluta, juntamente com a sua candidata a primeira-ministra Lucie Castets, que disse querer tirar o país da paralisia e estar “pronta” para “construir (coligações)” com outras forças políticas se for nomeada.

Esta sexta-feira, seguem-se ainda conversações com os centristas do Liot e o Partido Radical de Esquerda.

Na segunda-feira, será a vez dos representantes da extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) e Éric Ciotti, anteriormente excluído dos Republicanos pela sua aliança com o RN nas eleições legislativas.

Após estas consultas, Macron deverá nomear um primeiro-ministro que terá de ser aprovado pela Assembleia Nacional.