A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez alertou esta sexta-feira que a “capacidade de intervenção” da corporação “está seriamente comprometida devido à avaria de três viaturas ligeiras operacionais”.

“A capacidade de intervenção dos bombeiros arcuenses em incêndios florestais está seriamente comprometida devido à avaria de três viaturas ligeiras operacionais. Tal deve-se ao enorme desgaste a que estes tipos de viaturas, com largos anos, têm estado sujeitos, o que, irremediavelmente, compromete a nossa operacionalidade”, refere um comunicado publicado na página oficial no Facebook da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez.

No “comunicado à população”, publicado na noite desta sexta-feira, a Associação, do distrito de Viana do Castelo, refere que “a falta de limpeza na rede viária florestal impossibilita igualmente a circulação e ação com viaturas pesadas”.

“Alertamos que esta situação compromete gravemente a nossa missão e que poderão assim surgir consequências nefastas para aqueles que possam vir a necessitar da nossa ajuda ou socorro”, adianta a nota.

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A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez garante estar “a recompor todas as anomalias e avarias sofridas o mais rapidamente possível, todavia, as soluções adequadas ainda vão demorar uns dias”.

“Precisamos do apoio e da compreensão de todos neste momento. Agradecemos publicamente às associações e corpos de bombeiros todo o apoio que têm prestado na defesa do nosso território e população”, apela e agradece a associação dos bombeiros.

Esta sexta-feira, em declarações à agência Lusa, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez manifestou-se “preocupado” com o uso do fogo para a limpeza de terrenos e alertou que “sem regras mais apertadas”, aquela prática pode ser uma “bola de neve”.

“Há pessoas, fruto da legislação que obriga à limpeza dos terrenos, que recorrem ao uso do fogo. Sai mais barato. As pessoas sabem que os seus terrenos valem pouco e preferem que ardam a gastarem dinheiro com a limpeza”, afirmou Filipe Guimarães.

Desde junho e até quinta-feira, o concelho registou 158 fogos, que consumiram mais de 162 hectares em Arcos de Valdevez.

O comandante espera que as autoridades encontrem os responsáveis, porque “a recorrência dos incêndios provoca um desgaste enorme no corpo de bombeiros, voluntários que se prestam a dar o seu contributo no período noturno, mas que têm os seus empregos, para não falar nas situações de perigo que causam a terceiros”.

“Se ninguém for responsabilizado e se as pessoas perceberem que conseguem resolver a questão [limpeza dos terrenos] com um simples fósforo ou com um isqueiro, vai ter um efeito de bola de neve”, disse.

Filipe Guimarães adiantou que “boa parte dos incêndios tem origem em hábitos culturais, relacionados com o pastoreio e a renovação de pastagens, mas que a maior percentagem tem origem em mão criminosa”.

“Não tenho a menor dúvida. Quase todos os incêndios surgem no período noturno porque as pessoas sabem que durante a noite não há intervenção de meios aéreos e têm mais sucessos nas suas intenções”.