A greve dos estivadores marcou o debate quinzenal. Bloquistas e comunistas não hesitaram em pressionar o primeiro-ministro a, mais do que contribuir ativamente para uma solução, tomar partido pelos trabalhadores. Costa evitou comprometer-se, mas deixou um aviso: Portugal já está a perder tráfego para os portos espanhóis.

Catarina Martins, coordenadora do BE, foi a primeira da aliança parlamentar de esquerda a trazer o tema a debate. Denunciou a precariedade em que os estivadores trabalham e criticou a reforma legislativa do anterior Governo. A bloquista acusou os operadores de criar novas empresas de trabalho temporário, que concorrem com as anteriores, para fornecer mão-de-obra “ao dia, à hora”.

Diz Catarina Martins que as cedências dos estivadores já permitiram poupar aos operadores cerca de dois milhões de euros e que perante o impasse só vê uma solução:

É preciso acabar com as empresas de trabalho temporário dos operadores dos portos”.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, pegou no mesmo tema e desafiou também o primeiro-ministro a ficar do lado dos estivadores. “Nunca se esqueça dos direitos dos trabalhadores”, pediu, depois de recordar que a Constituição já fez uma escolha sobre quem deve ser protegido neste tipo de conflitos.

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O líder comunista não poupou a direita. “Gostaria de vos ver no lugar deles [os trabalhadores], onde se propõe a precariedade absoluta e o abaixamento de salários”, atirou.

António Costa procurou sempre abreviar o tema, já que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, esteve durante esta manhã reunida com as duas partes, incluindo o sindicato internacional dos estivadores, à procura de uma solução.

Ainda assim, o primeiro-ministro não deixou de lembrar a Catarina Martins que Portugal já está a perder tráfego para os portos espanhóis. Com isso, as empresas nacionais veem a sua atividade encarecer e as dificuldades aumentar. “E essas empresas também têm trabalhadores”, lembrou Costa. É por isso que a solução tem de ser encontrada rapidamente: o limite, definiu Costa em resposta ao líder do PSD Passos Coelho, “é o dia de hoje”.

Ao apelo de Catarina Martins para que se acabe com as empresas de trabalho temporário no porto de Lisboa, Costa preferiu não dar qualquer resposta.

Da parte da oposição, o primeiro-ministro foi sobretudo pressionado a terminar com a greve dos estivadores. António Costa vinha preparado com números: garantiu que durante o anterior Governo houve 441 pré-avisos de greve e que agora a conflitualidade social diminuiu.