O suspeito do duplo homicídio em Aguiar da Beira, Pedro Dias, já está a ser ouvido no Tribunal da Guarda, onde chegou por volta das 11h05, sob um coro de insultos e gritos de alguns populares. Ainda esta quinta-feira poderá ficar a conhecer eventuais medidas de coação. Segundo o Correio da Manhã (peça para assinantes), Pedro Dias recusou-se a fornecer uma amostra de ADN à Polícia Judiciária, depois de ter sido detido na terça-feira em Arouca.

À entrada do Tribunal da Guarda a advogada Mónica Quintela apenas disse que não conhecia o processo, sem se pronunciar sobre o caso, acrescentando apenas que o silêncio é um direito que Pedro Dias, e qualquer outra pessoa, tem. E durante a interrupção, para almoço, Mónica Quintela informou que Pedro Dias iria ser ouvido às 13h30, não esclarecendo se o suspeito iria ou não prestar declarações ao juiz durante o interrogatório.

Já o advogado Rui Alves disse que o cliente está “expectante” e pensa nos filhos. “Ainda agora nos falou nisso, como é que estão, como é que não estão. Vêm-lhe as lágrimas aos olhos quando fala nos filhos, mas está expectante, vai agora começar a diligência e tudo vai correr normalmente como tem que ser”, afirmou o advogado, citado pela Lusa.

Quanto à detenção em direto, Rui Alves disse que a mesma não coloca em causa segredo de justiça e explicou que decidiram proceder à entrega em direto “apenas por segurança, para que não pudesse de maneira nenhuma ser posta em causa a integridade física ou a vida do senhor Pedro Dias”. “E está à vista que resultou.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o Correio da Manhã, Pedro Dias ter-se-á recusado a fazer um teste de ADN para evitar que sejam feitos exames comparativos ao sangue recolhido no carro-patrulha onde o militar foi encontrado morto. O jornal escreve ainda que a irmã de Pedro Dias o protegeu durante o período em que esteve fugido e que estava sob escuta da PJ, bem como o resto da família.

O homem de 44 anos é ouvido pelo juiz de instrução criminal um mês após os crimes que ocorreram a 11 de outubro em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda.

Pedro Dias entregou-se na terça-feira à noite às autoridades e, em direto na RTP, foi visível estar algemado e a entrar num carro da polícia, que o transportou para as instalações da Polícia Judiciária (PJ) da Guarda.

Da PJ, onde chegou pela meia noite de terça-feira, foi conduzido para o Estabelecimento Prisional daquela cidade, cerca das 3h00 de quarta-feira, onde tem permanecido.

Segundo os advogados que representam o detido – Mónica Quintela e Rui Silva Leal -, na PJ, o suspeito foi sujeito a questões processuais, como a constituição como arguido, a leitura dos deveres e dos direitos e “todas as formalidades próprias para este caso”. Os advogados adiantaram ainda, na quarta-feira, à agência Lusa e à RTP, que vão estar presentes no primeiro interrogatório judicial de arguido detido.

Pedro Dias entregou-se às autoridades na terça-feira, a escassos metros da Câmara Municipal de Arouca e perto da casa dos pais.

O suspeito estava desaparecido desde 11 de outubro, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda. Um morreu e um outro ficou ferido.

Na mesma madrugada, um homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, também alvejados a tiro na viatura em que seguiam.

A PJ da Guarda adiantou, em comunicado, que o detido é suspeito da autoria de cinco crimes de homicídio qualificado, três dos quais na forma tentada, dois crimes de sequestro, pelo menos dois de roubo e um crime de furto, entre outros, ocorridos desde o dia 11 de outubro e o dia de terça-feira, nas localidades de Aguiar da Beira, Arouca (Aveiro) e Vila Real.

No âmbito das investigações, a PJ também constituiu arguida uma mulher, de 61 anos, sobre a qual recaem “fundadas suspeitas de favorecimento pessoal” ao detido.