Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder da Coreia do Norte que se acredita ter sido morto por envenenamento esta segunda-feira num aeroporto da Malásia, estava exilado em Macau há mais de 15 anos, altura em que chegou a ter um passaporte português falso para viajar. Quando foi atacado com um spray que o terá envenenado, as autoridades malaias não identificaram imediatamente a vítima como sendo o filho mais velho do falecido líder norte-coreano Kim Jong-il porque estava a usar um outro passaporte falso que o identificava como Kim Chol.
Filho mais velho do então líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il (falecido em 2011), com a atriz Song Hye-rim, o jovem Kim Jong-nam começou por ser escondido do avô Kim Il-sung, que não aprovava a relação do filho. Mas quando essa a relação foi aceite começou a ser apontado como o seu sucessor. A dada altura, no início da década de 80, passou alguns anos na Rússia e na Suíça, e começou a questionar o regime norte-coreano liderado, de forma totalitária, pelo pai. Ainda assim, entre 1994 e 2001 chegou a colaborar com o regime e, regressado à Coreia do Norte, ainda integrou o governo.
Em 2001, contudo, foi detido no aeroporto de Tóquio quando tentava entrar no Japão com um passaporte falso, tendo dito à polícia que queria visitar a Disneyland com a família. Depressa se tornou dissidente do regime e foi exilado pelo pai. Desde essa altura, há mais de 15 anos, que está afastado do país e com medo de represálias. Viveu em Macau, ex-colónia portuguesa, até 2011, altura em que o pai morreu e o seu meio-irmão, Kim Jon-un foi declarado líder.
Foi entre 2001 e 2011, quando esteve em Macau, que passou a usar um passaporte português falso para viajar. É o que dão conta as notícias publicadas na imprensa em 2007, altura em que foi descoberto o paradeiro do filho primogénito de Kim Jong-il. Na altura, o South China Morning Post escrevia que o filho do ditador norte-coreano “viajava com passaportes falsos, da república portuguesa e da República Dominicana”.
Apesar de há muito se afirmar contra o regime praticado na Coreia do Norte e de ter dito publicamente que não tinha interesse em governar o país, desde 2011 que Kim Jong-nam era visto por Kim Jong-un como uma ameaça ao “trono”, na qualidade de filho mais velho e, portanto, herdeiro. Por isso é que a agência secreta da Coreia do Sul suspeita de que as mulheres que estarão envolvidas no episódio de envenenamento no aeroporto tenham ligações ao regime norte-coreano.