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Ele também falha. Mas é ele a diferença entre o nada e o quase tudo (a crónica do Belenenses-Benfica)

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Benfica sem Krovinovic não jogou pior por João Carvalho mas melhorou com Zivkovic e mantém-se refém de Jonas no pior e no melhor: brasileiro salvou empate com o Belenenses nos descontos (1-1).

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AFP/Getty Images

AFP/Getty Images

Na antecâmara da deslocação ao Restelo, Rui Vitória, treinador do Benfica, mostrou uma rara abertura para abordar os quatro possíveis sucessores de Krovinovic no 4x3x3 enraizado nos encarnados desde que o croata recuperou dos problemas físicos no início da temporada e até se lesionar com gravidade na última receção ao Desp. Chaves. E não se limitou a dizer os nomes – explicou de forma pormenorizada o que cada um pode oferecer à equipa.

João Carvalho, 20 anos: “Pensa mais rápido do que a maioria naquela posição e tem uma boa chegada ao golo. Tenta virar rápido, apresenta qualidade técnica no passe curto e longo. Em espaços apertados descobre caminhos com facilidade. Tem de ganhar agressividade e resistência. A própria equipa tem de acoplá-lo”.

Zivkovic, 21 anos: “Joga bem por terrenos interiores, com qualidade técnica. Pode fazer combinações nos corredores e está apto para jogar naquela posição”.

Keaton Parks, 20 anos: “Está perfeitamente preparado há algum tempo, pode fazer qualquer uma das posições do corredor, a direita, a esquerda ou a posição ‘6’”.

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Gedson Fernandes, 19 anos: “Já está a trabalhar connosco há quatro semanas. Sendo ainda um jovem, tem chegada e dimensão para ir à outra área e voltar rápido”.

A opção recaiu em João Carvalho, o miúdo que passou por todos os escalões de formação antes de ser emprestado nos últimos seis meses da derradeira temporada ao V. Setúbal e voltar à Luz. E é nele que vão recair grande parte das esperanças encarnadas para revalidar o título, tendo em conta a importância que ganha na equipa.

Nascido em Castanheira de Pera, onde ainda hoje residem os pais e a irmã (daí que tenha vivido muito o drama dos incêndios no país no último verão, até por estar na Polónia a disputar o Campeonato da Europa Sub-21), assustou-se no dia em que viu tantos miúdos nos treinos de captação dos encarnados, chorou e não queria entrar. Tinha oito anos. Mas entrou. E ficou, primeiro fazendo 400 quilómetros com o pai, que também foi jogador (a chegar a casa à meia-noite ou à uma da manhã tendo escola no dia a seguir); depois, a viver no Seixal.

Fã confesso de Pablo Aimar, o craque que arrumou de vez as botas na semana passada fazendo um jogo da Taça da Argentina por uma equipa da 3.ª Divisão para poder cumprir o sonho de jogar com o irmão, João Carvalho esperou pela sua oportunidade e foi pela primeira vez titular do Benfica no Campeonato no Restelo, após três jogos como suplente utilizado, naquela que foi a única mexida dos encarnados frente a um Belenenses agora orientado por Silas, que se estreou com um empate fora frente ao Marítimo e que surgiu na conferência de antevisão com uma atitude muito positiva, recusando qualquer hipótese de empate por antecipação.

Ficha de jogo

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Belenenses-Benfica,1-1

20.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Restelo, em Lisboa

Árbitro: Bruno Paixão (AF Setúbal)

Belenenses: Filipe Mendes; Pereirinha (André Geraldes, 81′), Gonçalo Silva, Sasso, Florent; Yebda, André Sousa, Diogo Viana (Nathan, 81′), Chaby; Fredy e Maurides (Tiago Caeiro, 75′)

Suplentes não utilizados: André Moreira, Persson, Benny e Cleylton

Treinador: Silas

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Jardel, Rúben Dias, Grimaldo; Fejsa, João Carvalho (Zivkovic, 61′), Pizzi; Salvio (Raúl Jiménez, 75′), Cervi (Seferovic, 85′) e Jonas

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, Samaris e Rafa, Raúl Jiménez

Treinador: Rui Vitória

Golos: Nathan (86′) e Jonas (90+7′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diogo Viana (33′), Salvio (33′), Yebda (60′), André Sousa (78′), Fredy (90+4′) e Sasso (90+8′)

Das palavras aos atos, os azuis tiveram uma entrada muito interessante em jogo. Aliás, se alguém dissesse que esta era a equipa que não ganhava há 12 jogos (nove no Campeonato, com quatro empates e cinco derrotas), ninguém iria acreditar. Porque mais do que travar o melhor do Benfica, o Belenenses quis mostrar o seu melhor: saídas sempre que possível com bola desde trás, capacidade de posse (chegou em vários momentos a ter mais bola), saídas rápidas com critério mesmo que nem sempre com a profundidade necessária, boas zonas de pressão sobre o portador da bola. Cereja no topo do bolo: a intensidade e a entrega ao jogo. Aqui, o conjunto do Restelo goleava.

Chaby, logo aos três minutos, aproveitou uma bola onde Pizzi (que cumpriu o jogo 150 no Campeonato) ficou a reclamar um lançamento para receber uma assistência de Diogo Viana e rematar forte para defesa segura de Bruno Varela. Maurides, aos 24′, teve um remate ainda desviado num defesa encarnado que saiu para canto. E pelo meio? Um remate para o rio Tejo de Salvio (ainda por cima com o vento a favor não correu mesmo nada bem), outro prensado em Gonçalo Silva de Pizzi, muitas bolas perdidas, pouquíssimas combinações com sucesso.

Ainda houve um outro remate prensado de Jonas, uns tiros por cima do Belenenses e uma tentativa enquadrada de Salvio que Filipe Mendes travou bem. E pouco mais. Silas colocou os azuis a jogar como ele gostava quando era jogador, com bolinha no pé em espaços curtos até explorar a profundidade, e conseguiu acabar a primeira parte com mais posse do que um Benfica que, muito mais do que ter João Carvalho sem conseguir fazer esquecer Krovinovic, teve toda uma equipa sem conseguir fazer esquecer Krovinovic. Fosse a construir em progressão a partir do meio-campo, fosse nas saídas rápidas criando superioridade nas alas.

Logo a abrir a segunda parte, uma promessa: o jogo ia ser melhor, mais intenso, com mais oportunidades. Que também não foram assim tantas, mas depois do que se tinha visto nos 45 minutos iniciais, o futebol agradeceu. Salvio, num remake de um lance que já se tinha visto, obrigou Filipe Mendes a uma defesa por instinto (47′); Sasso, numa das poucas bolas paradas batidas com sucesso, apareceu ao segundo poste após canto e cabeceou pouco por cima (49′). Dez minutos depois, João Carvalho rematou de longe por cima e saiu (59′).

Na primeira mexida, Rui Vitória tirou um miúdo e lançou outro: Zivkovic. O sérvio que também é um miúdo, que já fez todas as posições no apoio ao(s) avançado(s), que experimentou uma nova posição mais interior e que na primeira ação ficou perto de marcar golo, obrigando Filipe Mendes a outra intervenção apertada (62′). Mas mais importante do que essa oportunidade, o esquerdino deu outra dinâmica às transições encarnadas, facilitou a entrada no último terço e aproveitou o desgaste dos azuis para empurrar a equipa dez metros para a frente.

O Benfica, mesmo não conseguindo nunca fazer uma exibição ao nível do que realizou com o Desp. Chaves, por exemplo, melhorou. E Zivkovic, que ia brilhando na condução de bola, teve um passe a rasgar que desequilibrou a defesa do Belenenses e originou uma grande penalidade clara de Gonçalo Silva sobre Cervi. O marcador foi o do costume, o final é que nem por isso: aos 73′, Jonas falhou o segundo castigo máximo desde que chegou à Luz em 18 tentativas (primeiro no Campeonato), permitindo a defesa a Filipe Mendes.

Penálti falhado a 11 metros com bola parada, penálti falhado a 11 metros de bola corrida: pouco depois, André Almeida ensaiou mais uma cavalgada pelo flanco direito deambulando para o meio, isolou Cervi com mestria nas costas da defesa azul mas o argentino, com tudo para fazer o golo, atirou por cima (76′).

Silas percebia o desgaste físico que se começava a sentir em demasia em alguns jogadores, esgotou as alterações com uma dupla substituição e deu a Nathan, um brasileiro de 21 anos contratado pelo Chelsea ao Atl. Paranaense que tem andado entre empréstimos (Vitesse, Amiens e agora Belenenses), a oportunidade de assinar uma estreia: na segunda vez que tocou na bola, atirou forte de fora da área ao ângulo inferior da baliza de Bruno Varela e inaugurou o marcador quando faltavam apenas quatro minutos para o final do jogo. Quatro mais descontos, claro.

E foi exatamente nos descontos que o Benfica ainda conseguiu evitar a segunda derrota no Campeonato. Nos descontos ou, mais concretamente, no último minuto dos descontos: Jonas, de livre direto, redimiu-se da grande penalidade falhada e, aos 90+7′, carimbou a série de nove partidas consecutivas a marcar na Liga. Mas nem celebrou: o jogo terminou logo a seguir. Os encarnados, que podiam subir de forma provisória à liderança, perderam dois pontos na corrida pelo título e poderão ver FC Porto e Sporting distanciarem-se.

No primeiro encontro sem Krovinovic, não foi por João Carvalho que o Benfica jogou pior mas foi com Zivkovic que o Benfica melhorou. Ainda assim, com duas chances flagrantes pelo meio, não foi o suficiente. Quem faz 60 minutos com três remates enquadrados sem que nenhum seja uma oportunidade flagrante arrisca-se a perder pontos, mesmo tendo Jonas, a diferença entre o nada e o quase tudo no Campeonato que só não marcou em duas jornadas. E foi isso que aconteceu com os encarnados no Restelo, na noite em que o Belenenses voltou a marcar em casa ao rival lisboeta mais de dez anos depois (o último golo tinha sido de Weldon, em 2007, com… Jesus).

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