A Associação Portuguesa de Bancos (APB) está preocupada com os custos da regulação que tem sido introduzida no setor na sequência da crise, entre os quais a mais recente é a transposição da diretiva de resolução, e considera que o setor enfrenta nesta altura “um tsunami regulatório” que vai obrigar a uma mudança radical na banca.

Fernando Faria de Oliveira, que abandonou a presidência da Caixa Geral de Depósitos para presidir à APB, pediu esta terça-feira no Parlamento atenção ao regulador, para que tenha em mente o impacto dos custos, que considera serem muito altos, nos bancos das alterações que têm sido feitos na regulação bancária.

“O setor bancário europeu enfrenta um tsunami regulatório sem precedentes”, afirmou, reconhecendo a necessidade da revisão da regulação que tem vindo a ser feita para melhorar a confiança no setor e para corrigir falhas reveladas pela crise, mas diz que “é fundamental ter em conta o impacto das medidas na economia e no setor”, porque os custos de implementação são muito elevados e estes impactos têm de ser previamente avaliados.

Estas mudanças, lembra, surgem numa altura em que os bancos portugueses terminam três anos com prejuízos e em que a grande preocupação está na baixa rentabilidade das instituições. “A redução de custos é absolutamente essencial à recuperação da rentabilidade” dos bancos, mas a nova regulação traz consigo “novos e pesadíssimos custos adicionais”, disse Faria de Oliveira.

Para minorar este impacto, a APB defende que a entrada em vigor dos mecanismos deve ser calibrada e colocada em prática com prazos e períodos adequados, para evitar que aconteça que em Portugal estes prazos sejam antecipados face ao que acontece na Europa.

Um destes casos é o bail-in, que tem um período transitório a nível europeu que prevê a sua entrada em pleno apenas em 2016, mas que no caso de Portugal é antecipado para este ano. A entrada em vigor do regime, que permite impor perdas aos credores das instituições para ‘salvar’ um banco em caso de dificuldades, antes da resolução do banco, também será antecipada em países como a Alemanha e o Reino Unido.

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