O governo grego garantiu aos credores internacionais, durante as negociações deste fim de semana em Bruxelas, que espera arrecadar 500 milhões de euros com a privatização do porto do Pireu, uma medida que tem gerado polémica e declarações contraditórias de membros do executivo liderado pelo Syriza, com vozes a afirmarem que a entrega da infraestrutura a investidores privados não seria concretizada. No entanto, fontes oficiais citadas pelo Wall Street Journal referiram que a operação é para avançar. As mesmas fontes revelaram que Atenas se prepara para privatizar a concessão de 14 aeroportos regionais do país.
O governo anterior da Grécia, chefiado por Antonis Samaras, planeava privatizar 67,7% do capital do porto do Pireu, naquele que seria um dos maiores desinvestimentos feitos pelo Estado grego no âmbito de um plano considerado ambicioso e que foi acordado entre o país e os credores internacionais, Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Estes têm exigido que as autoridades gregas concretizem o que ficou programado em matéria de alienação de ativos que estão na esfera pública, no que seria uma importante fonte de receitas para ajudar a resolver os graves problemas financeiros em que a Grécia está mergulhada e um ponto essencial para que as negociações atuais cheguem a um resultado positivo.
O porto em causa é um dos de maior dimensão do mar Mediterrâneo e sede do setor de navegação comercial da Grécia. O plano de Atenas prevê a realização de investimentos na reparação naval, instalações, ligações ferroviárias, bem como a construção de novas docas para navios de cruzeiro e ferries que poderiam criar novos postos de trabalho, de acordo com fontes do Governo grego.
Entre os interessados na corrida ao porto do Pireu estão os investidores chineses da China Cosco Holding, os dinamarqueses da APM Terminals, os norte-americanos da Ports America e os filipinos da International Container Terminal Services. O Wall Street Journal escreve que a Cosco tem vantagem sobre os concorrentes, visto que já explora dois terminais de contentores no Pireu, além de que existe a convicção no interior do Governo de que os operadores chineses serão aqueles que estarão mais dispostos a correr o risco de investir na Grécia, numa altura em que a respetiva situação económica e financeira é frágil.